Ouro. Por Roberto Liebgott.

Foto: Roberto Liebgott

Por Roberto Liebgott.

Andando pela calçada o vi reluzente, amarelo queimante, exposto numa enfeitada vitrine comercial de Genebra, Suíça.

Olhei fixamente pra ele, estava compactado numa barra de mil gramas e, ao seu redor, havia moedas extravagantemente esparramadas pelo chão.

Parei abruptamente na calçada, não havia interesse em admirá-lo, ao contrário, nele vi rostos, vidas ceifadas, lágrimas, dores, horrores.

Vi a barbárie, os corpos subnutridos, vi crianças desesperadas, mulheres agredidas, nele vi os Yanomami, os Munduruku e suas terras arrasadas.

E ele permanece lá, sem nenhum pudor, na vitrine mais cara do mundo, na capital do capital, dos lucrativos bancos prostituindo-se aos ricos do mercado transnacional.

19 de novembro de 2022.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.

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