Os responsáveis pela morte do reitor Cancellier serão julgados agora que a coercitiva foi proibida?

Foto: Reprodução

Por Kiko Nogueira.

A Lava Jato transformou a condução coercitiva numa marca registrada de seu espírito punitivista, espetaculoso e seletivo.

Por isso a decisão do STF de proibir essa prática nefasta e inconstitucional é uma derrota para a República de Curitiba.

O placar foi 6 a 5 e os times foram os de sempre. Venceu a bancada de Gilmar Mendes. 

Em março, quando mandou capturar Lula em casa com cobertura da Globo, Moro expediu uma nota alegando que as “medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente”.

“Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar”, completou.

Depois se viu que era exatamente a “antecipação de culpa do ex-presidente”, um aquecimento para a temporada de Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba.

A tentativa de correção de rota é bem vinda, mas, como tudo em se tratando do Supremo, vem atrasada.

A delegada que submeteu o reitor Luis Carlos Cancellier não será julgada. Os que o levaram à morte continuarão livres para voar.

Submetido a um tratamento medieval, Cancellier foi algemado pelas mãos e pelos pés, metido num uniforme de presidiário e revistado nu.

Entrou numa espiral de depressão e dezoito dias mais tarde se atirou do sétimo andar de um shopping center de Florianópolis.

Durante o julgamento no Supremo, o ministro Luís Carlos Barroso criticou o que chamou de “surto de garantismo”.

É tenebrosamente revelador.

Vivemos espasmos de garantismo e legalidade.

A regra geral é o arbítrio, a exceção e a violência em nome da lei. Esse é novo normal.

Nada mais natural que a besta fascista esteja batendo à nossa porta. 

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