Os direitos humanos, um prêmio e o jornalismo que tanto me deu. Por Gustavo Veiga

No Dia dos Direitos Humanos, receber um prêmio dessa natureza representa um grande estímulo para continuar levantando as bandeiras dos centenas de trabalhadores da imprensa detidos desaparecidos durante a ditadura genocida

O amplo salão da OAB onde se realizou o ato na noite de terça-feira, 10 de dezembro. Foto: Daniela Sallet
Por Gustavo Veiga. 

O Movimento de Justiça e DDHH do Brasil me distinguiu com o prêmio por um trabalho publicado na Página 12 e no meu portal digital Derrubando Muros. O texto menciona a política criminosa do governo de Javier Milei em relação aos aposentados e o papel obsceno que desempenharam vários deputados nacionais que rejeitaram um aumento mínimo para eles. Os avós e avós ganham quatorze vezes menos que o salário de um membro do Congresso. O presidente os chamou de heróis por apoiar seu veto e os homenageou com um churrasco.

Com Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil na entrega do prêmio. Imagem: Daniela Sallet.

Foi uma noite sonhada, de gratificação e lembranças que se precipitaram sobre o auditório da OAB (a Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul) por tantos anos onde refletimos as histórias de vítimas do terrorismo de Estado, dos despossuídos de nossos povos que continuam lutando e de quem, mesmo perdendo tudo ou quase tudo, ainda resistem a um sistema que os oprime até hoje. Porque esta atualidade machuca e deixa em seu caminho milhões de damnificados.

Na Argentina, dominam os discursos de ódio que depositam sua crueldade no outro, no diferente, no indefeso, como nossos avós e avós. Aqueles que sobrevivem com uma aposentadoria mínima, quatorze vezes inferior à renda que um deputado nacional recebe por condená-los à fome. Traidores do voto popular que prestaram serviço a um presidente que os chamou de heróis por apoiar seu veto a um aumento. Milei os premiou com um churrasco na residência de Olivos. Uma das demonstrações mais imorais que a política deu desde que se completaram quarenta anos de democracia ininterrupta.

Este foi o tema do artigo premiado que saiu publicado este ano na seção Política de Página 12 e em Derribando Muros. O ato que se estendeu por quase três horas me permitiu saber que no Brasil há colegas que continuam investigando as consequências da ditadura que se prolongou entre 1964 e 1985. Várias investigações abordaram esse tema a partir de diferentes perspectivas. Centenas de trabalhos foram apresentados nas categorias de televisão, reportagem, multimídia, trabalho acadêmico, rádio, crônica e fotografia, entre outras.

No Dia dos Direitos Humanos, receber um prêmio dessa natureza representa um grande estímulo para continuar levantando as bandeiras dos centenas de trabalhadores da imprensa detidos desaparecidos durante a ditadura genocida e daqueles que atualmente ainda resistem. Dedico-o a eles.

Obrigado ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil, à Ordem dos Advogados do Rio Grande do Sul, à Rede UITA, ARFOC e a todos que tornam possível a entrega deste prestigiado prêmio há 41 anos de maneira ininterrupta.

Fotos


O amplo salão da OAB onde se realizou o ato na noite de terça-feira, 10 de dezembro.

Mario, um artista uruguaio, é o autor do prêmio que recebemos os jornalistas pelo nosso trabalho.

 

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