Por Claudia Weinman, para Desacato.info.
A praça central de São Miguel do Oeste/SC foi ocupada nesse domingo, dia 17 de abril de 2016, por representantes de organizações populares, sindicatos, partidos políticos, pastorais, Igreja. A concentração teve início às 9h desta manhã e seguiu até às 15h30.
O ‘cheiro’ do povo brasileiro parece ter incomodado moradores de São Miguel do Oeste, devido às manifestações culturais que foram apresentadas. Além das músicas interpretadas pelos cantadores populares, outras expressões foram demonstradas por meio de um grupo de capoeira e percussão, que permaneceram na praça em defesa da democracia e contra o golpe no Brasil.
Em razão das manifestações culturais e as falas feitas durante o dia, comentários nas redes sociais foram divulgados por moradores de São Miguel do Oeste, os quais, demonstraram ódio com a livre manifestação em praça pública. Dizeres do tipo: “Seus Lixos”, “Bando de vagabundo desocupados”, entre outros, colocaram em evidência a falta de argumentação de uma parcela da população que, segundo as organizações, não se propõe ao diálogo para compreender as lutas históricas dessas pessoas que foram até a praça de São Miguel do Oeste no dia de hoje.
No entanto, no comentário feito pelo companheiro do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Luiz Gritti, consta a análise sobre a falta de informação das pessoas, embora a estrutura da imprensa em todo o país seja grandiosa. “Precisamos recordar que na época de Hitler, mais de 90% da população apoiava ele. Se deram conta da ‘burrada’ que fizeram quando foram para as câmaras de gás para serem mortos. Hoje temos muitos pobres sem informação, ou alienados a lógica do sistema. Vão se dar conta quando forem passar fome, quando estiverem sem emprego. Mas, a nossa tarefa é essa, é não baixar a cabeça e seguir fazendo o nosso trabalho, especialmente nas ruas”, pontuou.
O representante da Frente Brasil Popular, Juarez da Silva, falou sobre a representatividade de organizações do Oeste e Extremo-oeste Catarinense que foram para Brasília participar da mobilização contra o Golpe. Ele também avaliou de forma positiva o simbolismo histórico feito na praça central de São Miguel do Oeste no dia de hoje com a presença de diferentes bandeiras em defesa da Democracia. “Não temos medo dos ‘poderosos’. É o povo na rua quem garante a Democracia e por isso, seguiremos em vigilância pois entendemos que não podemos sossegar enquanto tiverem injustiças acontecendo em nosso país”, argumentou.
“Esse não é o Brasil que queremos, por isso estamos no meio da luta de classes”.
Entre as principais motivações das organizações terem ocupado às ruas em São Miguel do Oeste, está centrada a discussão sobre o impeachment da Presidente Dilma Rousseff. A militância coloca-se contra essa medida por considerá-la um golpe político. No entanto, salientam a necessidade de um Brasil diferente, em defesa dos povos, dos trabalhadores\as explorados\as. “Esse não é o Brasil que queremos, por isso estamos no meio da luta de classes. Não vamos aceitar provocações ou violência como a que uma de nossas companheiras sofreu no dia 08 de março aqui em São Miguel do Oeste. Nós estaremos nas ruas sempre, em qualquer momento vamos gritar, denunciar e empunhar as nossas bandeiras”, enfatizou a militante da Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Jociani Pinheiro.
Em meio as canções que movimentaram o dia, em algumas falas, demonstrou-se a necessidade de um Brasil diferente, no qual, a presidente do país, Dilma Rousseff, tome posicionamento e não aceite acordos para garantir-se no poder.
Fotos: Claudia Weinman e Julia Saggioratto.
