Oferta de “homens para casar” aumenta

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Por Paula Guimarães.

Os homens andam se sentindo sozinhos e desconfortáveis nesse mundo tomado por “piriguetes” e mulheres, que mesmo com roupas menos justas e curtas, só querem saber de sexo. É impressionante, a ofertas de “homens para casar” à disposição no mercado. Vivem desamparados, sem demanda para supri-los. Todos tão prontos para o amor à moda antiga. E as mulheres? As mulheres andam cada vez mais soltas. Onde já se viu “dar” já no primeiro encontro?! Isso certamente tem constrangido os “homens para casar” e os deixado à mercê da própria sorte. Afinal, eles sim podem (e devem?) sempre transar no primeiro dia, na primeira hora, a qualquer lugar. Isso porque, a virilidade (que os deixa sempre em estado de alerta), a hombridade (linda essa palavra, não?) e o cavalheirismo (ele abre a porta e paga a conta), são filhos do mesmo pai: o homem para casar. E mesmo nos bares da vida, nas baladas mais mundanas, esse consegue recuperar toda a sua moral quando assim o achar que deve.

O primeiro encontro é um momento especial, ainda mais para o homem, que irá identificar se a mulher serve ou não para a relação conjugal. É quase um teste de fidelidade, se ela aceitar o convite é como se não o merecesse, pois aceitaria com qualquer outro, além de ser uma demonstração de que é uma atitude costumeira dela, o que a colocaria no rol das “rodadas”.

Pesa sobre esse homem uma mulher que sente o mesmo desejo e isso, sendo inconcebível perante a moral judaico-cristã, torna-se um fardo quase insuportável. Nos anos 50, a cantora Dolores Duran com sua música de sofrência, lamentava a ausência de amantes que a procuraram nas horas vagas do casamento, e revelava nas entrelinhas que a fidelidade da mulher era muito mais importante para o homem do que o contrário, porque a honra deste depende única e exclusivamente disso.

Muita coisa mudou nas relações entre homens e mulheres desde os anos 50 (será?), de forma que as mulheres cada vez mais querem se igualar aos homens, o que inclui sentir o mesmo desejo sexual e gozá-lo quando achar que deve. Porém, o manual da boa mulher – a que serve para namorar, noivar, casar ou qualquer relacionamento social – esse sim, continua um pouco semelhante aos tempos de Dolores. O texto aconselha que, estrategicamente, guarda-se toda a vontade de transar no primeiro encontro. Talvez possa se liberar no segundo dia, entretanto nesse estágio ainda é perigoso. A partir do terceiro, os riscos começam a diminuir.

Já o manual do bom homem diz que ele sempre está pronto para o sexo e é detentor desse direito não somente por ter mais desejo (mais testosterona, mais cadeiras no legislativo e executivo, mais dinheiro, mais presidências em multinacionais e tudo mais) mas, principalmente, para testar se a mulher serve ou não para manter um relacionamento amoroso e estável. Se ela sentir o mesmo desejo no primeiro dia, é bem possível que se pareça com ele e, se parecendo, não é confiável.

* Crônica com base em uma conversa recente em um salão de beleza.

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