Por Roberto Liebgott/Cimi/Sul.
Tempo não se espera,
Ele é, sem sentirmos,
Está em nós,
Não foge,
Não finge,
Fica, somente fica.
Não o produzimos,
Ele se produz em nós,
Nos nossos atos,
Em cada gesto,
Em cada sopro,
Em todo ciclo.
Não dorme,
Acompanha o sono,
Os sonhos,
Os pesadelos.
Está sempre lá,
E nos vê passar.
Passamos rápido,
Um suspiro!
Instantes de vida,
Momentos para fazer,
Semear e colher,
Sentir, tocar, afagar.
Partilhar os frutos,
Celebrar e agradecer,
Ou desfazer, destruir,
Esnobar e agredir,
Arrancar, pisotear,
Envenenar as sementes.
A passagem pelo tempo
Nos obriga a escolher,
A nos posicionar,
Entre o bem viver,
O viver sem sentir,
Ou o sentir-se bem fazendo o mal.
Nós passamos,
Não nos eternizamos,
Mas nossos atos,
Exemplos,
Testemunhos,
Histórias permanecem.
O bem,
O amor,
O comprometimento,
A solidariedade,
A sabedoria,
Ancestralizam-se.
Tornam-se bússolas,
Guiam os que passarão,
Indicam uma direção,
Alimentam a fé,
A esperança,
A fraternidade.
O tempo nos ensina
Que a passagem não é só nossa,
Ela deve ser pelos outros,
Pelos que virão,
Aqueles que vão ocupar nosso lugar,
Viver nele.
O tempo exige
que nosso legado seja belo,
Que o lugar reservado aos outros seja agradável,
Que o ambiente seja preservado,
Que deixemos a paz,
A plenitude da alegria.
Os que virão,
Não precisam do rancor,
Do ódio,
Da intolerância,
Da violência,
Da devastação da mãe terra.
O tempo nos pede
A simplicidade do viver,
A generosidade da partilha,
A delicadeza do gesto,
A alegria do afeto,
O sorriso do bem querer.
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