O talibã retoma Afeganistão

Helicóptero dos EUA sobrevoa a embaixada estadunidense. Foto: AP Photo/Rahmat Gul

O Afeganistão foi ponto essencial da rota da seda e, muito antes, para a migração humana asiática. Arqueólogos encontraram evidências de presença humana há cerca de 50.000 anos antes de Cristo, que remonta ao Paleolítico Médio. Sua localização geoestratégica é importante pois liga o Oriente Médio à Ásia Central, ao subcontinente indiano, e à China, pelo nordeste.

Não é tão populoso quanto seus vizinhos, mas sua posição, no final do século XIX, teve característica de Estado tampão, na disputa entre os impérios britânico e russo. Essa circunstância histórica, combinada com o terreno montanhoso, impediu o domínio de potências imperialistas sobre o país, mas também resultou em baixo desenvolvimento econômico. Depois da Terceira Guerra Anglo-Afegã e a assinatura do Tratado de Rawalpindi, em 1919, o país teve autonomia em face aos britânicos.

Após a revolução marxista de 1978 e a invasão soviética em 1979, iniciou a guerra entre as forças governamentais, apoiadas por tropas soviéticas, e os rebeldes mujahidin, apoiados pelos Estados Unidos da América (EUA), o vizinho Paquistão, a Arábia Saudita e outros países muçulmanos. Mais de um milhão de afegãos pereceram, e, em 1992, com a vitória dos rebeldes, teve início a guerra civil vencida pelos talibãs.

Talibã (estudante) é um movimento nacionalista e fundamentalista islâmico que se espraiou pelo Afeganistão e Paquistão, a partir de 1994 e que, efetivamente, governou cerca de três quartos do Afeganistão entre 1996 e 2001. Podem-se distinguir três momentos do talibã no Afeganistão. De 1994 a 1996, o da milícia; de 1996 a 2001, do governo nacional; e a partir de 2004, a insurgência.

O talibã surgiu como alternativa do pachtun, o grupo étnico maioritário e pelo rigor religioso extremo, criando na população a expectativa de fim do estado de guerra interno e dos abusos consequentes da guerra.

Os Talibãs têm-se reagrupado desde 2004 e revivido o movimento de insurgência, regido pelos pashtuns locais, e empreendendo uma guerra de guerrilha contra os governos do Afeganistão, do Paquistão e as tropas da OTAN, lideradas pela Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF) – missão da OTAN no Afeganistão, estabelecida pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 20 de Dezembro de 2001.

O movimento é composto principalmente por membros pertencentes a tribos da etnia pashtun, juntamente com voluntários de países islâmicos próximos como uzbeques, tadjiques, chechenos, árabes, punjabis e outros. Opera no Afeganistão e Paquistão, sobretudo em torno das regiões da Linha Durand. A Linha Durand recebeu o seu nome de Sir Mortimer Durand, secretário para os assuntos estrangeiros do governo anglo-indiano. Esta linha divide artificialmente as tribos pashtuns que partilham o mesmo idioma e organização social e demarca a fronteira entre Afeganistão e Paquistão. Cabul nunca reconheceu essa divisão fronteiriça.

Com forte apoio popular, o talibã, mais uma vez, reconquista o Afeganistão, tendo derrotado duas potências mundiais. A presença estadunidense na Ásia é uma coleção de derrotas: Coreia, Vietnã, Quirguistão e, agora, o Afeganistão.

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