Quem foi criado no interior de Santa Catarina ou do Rio Grande do Sul, sabe bem o valor de um salame produzido artesanalmente, o legítimo salame colonial. Para muitas pessoas o sabor deste produto carrega consigo lembranças de gente reunida, de trocas, de família. O gosto do afeto, do cuidado durante todas as etapas de produção. Tudo começa com a engorda do porco com milho, abóbora e outros produtos naturais e termina com a defumação do salame a partir de um fogo de chão. Um processo e um produto cada vez mais raros por essas bandas.
Com as exigências sanitárias o agricultor familiar foi largando a produção, impossibilitado de vender a menos que atenda às normativas e incorpore novas práticas e insumos a sua produção, a maioria preferiu manter a tradição para o consumo familiar. Tendo em vista este contexto, o fato é que o salame colonial, aquele produzido pelo produtor na sua propriedade sem o uso de aditivos e conservantes químicos não vai mais à feira, muito menos ao mercado.
O curta-metragem “O Salame vai à feira” tem no seu título e na sua narrativa uma provocação com o objetivo de trazer este tema à tona. No filme há uma degustação de salames na feira livre e as pessoas são despertadas pelo paladar, pelo olfato, não precisam de rótulos para identificar o verdadeiro salame colonial. O filme teve sua estreia no 8th Bangalore Shorts Filmfest-19, na Índia, e será exibido em Chapecó no dia 06 de agosto, às 19h30, no Cine Teatro do SESC.
O documentário traz como personagens principais o casal de agricultores de origem italiana, Antonio e Nair Finco, moradores da comunidade Alto da Serra, em Chapecó, e o chef de cozinha, Isaac Félix, de Xaxim, proprietário do Empório Tesser. Durante a narrativa a família Finco se reúne em um final de semana para produzir o salame, filhos, genro, nora, netos, todos auxiliam os pais no processo que resulta em deliciosas “pernas” de salame. Algumas delas vão parar na cozinha do chef Isaac. Formado em gastronomia pela Univalli e proprietário do Empório Tesser, Isaac é neto de italianos, natural de Xaxim (SC), e se inspirou na cozinha da avó para seguir carreira. “Por trás de uma comida, de um alimento, sempre tem uma história”, acredita o chef, que partilha a mesa e o alimento com o casal Finco, em celebração ao alimento cultivado e produzido artesanalmente.
A produção do curta-metragem “O salame vai à feira” é da Margot Filmes. O projeto do filme foi premiado no Edital Municipal de Fomento e Circulação das Linguagens Artísticas de Chapecó, tendo o prêmio viabilizado a produção. O tema surgiu a partir dos estudos do pesquisador da Epagri de Chapecó, Clóvis Dorigon. Em sua tese de doutorado apresentada à COPPE/UFRJ, Dorigon analisou o processo de construção dos mercados de produtos coloniais da região Oeste de Santa Catarina e provocou a reflexão sobre o uso do nome “colonial” como rótulo para a venda de produtos no mercado formal.
Com 25 minutos de duração, o filme documenta o processo de produção do salame artesanal, prática esta que tende a se extinguir com o passar dos anos. Segundo os diretores Cassemiro Vitorio e Ilka Goldschmid, o filme apresenta várias camadas, trata de comidas saudável, do uso de ingredientes naturais, sem agrotóxicos e sem aditivos químicos. Os diretores que também assinam o roteiro e a montagem do filme ressaltam que o documentário busca valorizar a produção artesanal de alimentos, especificamente do salame, atributo de descendentes de italianos, que resulta em trocas, em cuidado, em coletividade, em saúde e amor. A Margot Filmes atua desde 2008 na produção de conteúdo audiovisual autoral na região oeste de Santa Catarina, através de Editais Públicos e de Leis de Incentivo.
Serviço:
Lançamento do Curta-metragem “O Salame vai à feira”
Data: 06/08/2019
Horário: 19h30
Local: Cine Teatro do SESC Chapecó
Entrada: Gratuita, aberto ao público, com retirada de ingresso a partir das 19h.
Sinopse do filme:
O salame colonial, produzido pelos agricultores sem conservantes e aditivos químicos, não vai à feira. A produção do salame, um atributo de descendentes de italianos do interior do sul do Brasil, é um saber fazer restrito aos encontros familiares. Neste filme, o alimento que sai da casa do agricultor vai para as mãos do chefe de cozinha e chega à mesa para uma partilha regada a afeto e memória
Ficha técnica:
Empresa Produtora
Margot Filmes
Direção, Roteiro e Montagem
Cassemiro Vitorino
Ilka Goldschmidt
Elenco
Antonio Finco
Isaac Felix
Nair Balerini Finco
Matheus Gobbi dos Reis
Direção de Fotografia
Cassemiro Vitorino
Operadores de Câmera
Daniel Edu Mayer
Ronaldo Luiz Bernardi
Som Direto
Leonardo Zancheta
Luciano Marafon
Edição de Som
Juan Quintáns
Colorista
Fabiane Badermaker
Trilha Sonora Original
Edu Bittencourt
Produção Executiva
Cassemiro Vitorino
Ilka Goldschmidt
Sobre a Margof Filmes:
A Margot Filmes é especializada na produção de conteúdo audiovisual. Criada em 2006, a produtora viabiliza seus projetos autorais através de patrocínios, editais e leis de incentivo. Durante todos esses anos finalizou documentários de média e longas-metragens, sendo o Salame seu primeiro curta.
Filmografia Margot Filmes:
Documentário de média-metragem “Celibato no Campo” (52’) 2010.
* Projeto premiado pelo Edital Catarinense de Cinema 2008; Selecionado no 2º Concurso de Documentários da TV Câmara e exibido na TV Câmara de 2012 a 2014; Licenciado para CineBrasilTV de 2015 a 2020.
Documentário de média-metragem “Kiki – O Ritual da Resistência Kaingang” (34’) 2014.
* Licenciado para CineBrasilTV de 2015 a 2019.
Documentário de longa-metragem “O Goio-En transbordou” (70’) 2014.
* O projeto de distribuição premiado no Edital Elisabete Anderle 2015. O filme foi viabilizado através da captação de recursos via Lei de Incentivo Cultural – Lei Rouanet.
Documentário de média-metragem “Atingidos somos nós”(38’) 2015.
Documentário de longa-metragem “Dom Quixote das artes” (97’) 2017.
*Prêmio Edital das Linguagens Artísticas de Chapecó 2015. O filme foi viabilizado através da captação de recursos via Lei de Incentivo Cultural – Lei Rouanet.
Documentário de curta-metragem “O Salame vai à feira” (25’) 2019.
* Prêmio Edital das Linguagens Artísticas de Chapecó 2016.