Redação.
No dia 7 de dezembro Dina Boluarte assumiu a presidência do Peru após o impeachment de Pedro Castillo e sua detenção; o ex-presidente está em prisão preventiva por 18 meses, acusado de rebelião por tentar fechar o Congresso. As manifestações de rua iniciaram no dia 7/12 e as autoridades declararam estado de emergência no país por 30 dias, impuseram toque de recolher em quinze províncias e os militares saíram dos quartéis para repreender os manifestantes, o saldo foi de 28 mortes até agora (https://www.pagina12.com.ar/510720-peru-dina-boluarte-intenta-defenderse). Se trata de um governo de transição que rapidamente tomou o rumo da militarização do país.
Segundo as autoridades de saúde da região, 90% das mortes e ferimentos em Ayacucho foram causados por bala e outros 10% por contusões. Uma informação que revela que as forças de segurança dispararam com armas de fogo.
Justificando a repressão, o ministro da Defesa Otárola salientou que “estamos num contexto de estado de emergência e a ordem pública não pode ser afetada, apoio incondicional às nossas Forças Armadas e a Polícia Nacional nesta tarefa tão sacrificada em defesa da ordem interna”. A presidente Dina Boluarte, também justificou a violência em entrevista coletiva no dia 17/12, neste mesmo dia o partido de esquerda Nuevo Peru e a Confederação Camponesa do Peru tiveram suas instalações invadidas pela polícia em Lima. Também no dia 17, Dina Boluarte disse em seu twitter que conversou por telefone com o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que reiterou o apoio dos Estados Unidos ao seu governo.
O filósofo e jornalista Ricardo Toro disse que “o regime golpista no Peru está massacrando o povo com o total apoio do governo dos Estados Unidos. Este regime golpista já matou dezenas de manifestantes. Centenas estão feridas. Estes crimes são patrocinados por Washington. É muito parecido com o golpe na Bolívia em 2019?”.
Em Lima e em algumas outras cidades houve mobilizações de apoio às forças de segurança, organizadas pelas mesmas pessoas que já haviam se mobilizado anteriormente pedindo um golpe contra o ex-presidente Castillo. Ao contrário dos protestos populares, eles não tiveram problemas com a repressão. Legisladores e outros personagens de extrema-direita participaram. Os principais meios de comunicação que justificam a repressão aos protestos populares aplaudiram e deram ampla cobertura a essas mobilizações.
A ministra da Educação, Patricia Correa, e o ministro da Cultura, Jair Pérez, renunciaram em repúdio à violência governamental contra as mobilizações populares. “Mesmo que consideremos que hoje há exageros por parte dos manifestantes, a violência do Estado não pode ser desproporcional”, afirmou a ex-ministra.
Os protestos populares reivindicam que as eleições presidenciais sejam adiantadas para abril de 2023 e que seja realizado um referendo para que a população decida se quer ou não uma Assembleia Constituinte para modificar a Constituição neoliberal herdada do ditador Alberto Fujimori, além disso, alguns se manifestam pela soltura de Pedro Castillo.
Boluarte informou que Castillo e sua família conseguiram asilo político no México. “Temos as portas abertas do México para o presidente do Peru, sua família e todos os que se sintam assediados e perseguidos no Peru” disse o presidente Andrés Manuel López Obrador no dia 19/12.
Na sexta-feira (16), o Congresso peruano rejeitou um projeto de reforma constitucional para que as eleições presidenciais, programadas para abril de 2026, sejam antecipadas para abril de 2023. O projeto não obteve nem os 87 votos necessários para aprovação, nem os 66 votos que permitiriam a realização de um referendo. O governo de Dina Boluarte enviou na segunda-feira (12/12) uma proposta que prevê eleições gerais – ou seja, dos poderes Executivo e Legislativo – em abril de 2024, esta segunda iniciativa ainda não foi votada pelo parlamento.
Fonte:
https://www.pagina12.com.ar/509539-dina-boluarte-y-su-giro-represivo-en-peru
https://www.pagina12.com.ar/508861-peru-boluarte-defendio-a-los-represores
https://www.pagina12.com.ar/508643-peru-la-represion-ya-se-ha-cobrado-21-vidas
https://patrialatina.com.br/presidente-do-peru-fala-com-os-eua-em-meio-a-protestos-para-se-demitir/