Por Luciane Recieri.
Uma garantia para se viver um grande amor é ganhar um livro do Vinícius. Quando se ganha uma antologia dessas, se prepare.
Já tive o prazer-privilégio de quase ter um desses, mas não virou grande amor. Tenho minhas teorias de gata escaldada pra estes fins e, uma de minhas prediletas é a de que só não virou grande amor porque li e doei à biblioteca municipal, talvez se tivesse lido e guardado à sete chaves… Achava que era suficiente aprender com o poetinha, tentar copiar seu estilo, mas não consegui e até hoje não tenho estilo algum, tampouco aprendi a entrar e sair destas dores de amor com aquela alma lavada de Vinícius. Só sei que acabou e o “muso” que me dera o dito livro foi pra França, Bélgica, depois fui perdendo as contas de tantos lugares.
As cartas trocadas como prova destas amizades bobas que se tenta cultivar depois que acaba o amor voltaram, outras foram para meu antigo endereço, só sei que perdemos o contato, mas foi num dia destes que o reencontrei numa destas friezas que são as redes sociais. Falamos sobre comida e ele, como bom brasileiro quase expatriado, disse da saudade do arroz-com-feijão, do pão-de-queijo, do bolo de fubá. Depois Agatha Christie, a primeira literatura estrangeira que jovens daqueles tempos lia. Não eram mais as cartas escritas à tinta azul e longamente esperadas no portão, eram mensagens instantâneas.
Será que algum dia ainda ganharei outro Vinícius, mesmo que seja em PDF?
Sigo aqui; ele lá na ilha que olhando por trás deste mundo nem é tão longe assim. Talvez nunca mais veja o Luigi, primeiro romance, primeiro namorado de pegar na mão, mas posso dizer do amor que tive – que não foi eterno posto que era chama, mas que foi infinito enquanto durou.