O maior golpe na democracia na UFSC

Por Ricardo Tramonte.

O CUn na reunião do dia 23, convocada pela reitora da UFSC sofreu o maior golpe impetrado por apenas 134 professores da UFSC e apenas 80 servidores da mesma. No entanto, o CUn olimpicamente desconheceu o resultado da votação de mais de 900 professores da UFSC realizada pela APUFSC que por ampla maioria (mais de 500 votos) se manifestaram para que a greve acabe na UFSC. Tal fato não foi mencionado em nenhum momento por nenhum dos conselheiros na fatídica reunião.

O CUn nesta reunião, simplesmente permitiu que uma minoria frente a maioria dos seus servidores e professores direcionasse todo o seu comportamento para atender as manifestações puramente políticas e partidárias de alguns estudantes que se colocam como representantes da sua categoria, composta por mais de 20.000 alunos da UFSC. Pior que isto, vários conselheiros foram “ desrespeitados” quando se manifestaram, sobre o indicativo de elaboração de um calendário a partir de 3 de setembro. Mais grave ainda, é que em reuniões realizadas com todos os centros da UFSC pela reitoria, a grande maioria dos centros indicou que a retomada das aulas na UFSC deveria acontecer no dia 3 de Setembro.

O Cun desconheceu este precedente e simplesmente decidiu que somente em uma reunião no dia 29/AGOSTO poderá decidir se vai haver um calendário de retomada das atividades como universidade pública. Com isto, seguiu apenas o indicativo de poucos professores e de parcela mínima de servidores da UFSC. O Cun como órgão máximo deliberativo desta instituição, simplesmente não cumpriu seu papel institucional, presidido por uma reitora que não tomou para si a responsabilidade de conduzir uma instituição que deve respeitar principalmente a sociedade que a mantém. A resposta do CUn para sociedade foi, enquanto tiver alguém na UFSC que está em greve, todo o restante para ouvir esta pessoa, sem se importar com o restante da sua comunidade, usando suas próprias palavras: “ o maior patrimônio da UFSC são os seres humanos aqui presentes”. Ou seja, vale tudo para manter a diversidade, não importa a quem este princípio afeta mesmo que seja a sociedade catarinense como um todo. O mais grave foi a discussão de impedir que os cursos de pós-graduação desta universidade devam também ser interrompidos, pelas inúmeras falas dos estudantes presentes. Houve nítida manipulação dos números, dos informes dados pela própria reitora, que está refém dos seus eleitores, os estudantes. Estes alunos, (poucos por sinal) tomaram de assalto o CUn, são extremamente mal- informados pelos professores que tentam manipular dados em favor da greve.

Tal procedimento é um duro golpe na democracia de deve sempre ser respeitada nas universidades públicas, é uma afronta à manifestação da maioria de seus componentes em urna, é um total desrespeito a mais simples normas de administração pública. Tal atitude só pode ser justificada por absoluto radicalismo político de alguns poucos que tem o poder da palavra.

Temos sempre que lembrar uma famosa frase de Martin Luther King “Não me assusta o barulho dos injustos, mas o silêncio dos justos e honestos”. Portanto se a comunidade desta universidade continuar calada diante de tamanha injustiça e descalabro perpetrado por alguns poucos deslumbrados pelo poder temporário adquirido em um momento de greve, vamos ter sérios problemas em justificar para a sociedade catarinense nossa existência como instituição.

* Professor do Departamento de Morfologia – CCB

Fonte: http://www.apufsc.ufsc.br

Foto: Fabrício Escandiuzzi.

1 COMENTÁRIO

  1. Quando as pessoas se manifestam e se colocam junto os “justos e honestos” é bem comum que invoquem o bem comum ou bem da sociedade. Sejamos francos: as universidades brasileiras, incluindo a UFSC, quase não tem relação com a sociedade a não ser como preparatória para a máquina de moer carne humana chamada mercado de trabalho. A não ser que “a sociedade” entendamos os donos do dinheiro, aí sim, a UFSC cumpre seu papel.

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