As declarações do presidente Lula na cimeira da União Africana abriram o baú dos crimes do estado sionista e trouxe à luz a verdade sobre o que Israel vem praticando nos territórios palestinos ocupados desde a Nakba: desterramento, limpeza étnica, genocídio e aos horrores semelhantes ao holocausto, ao longo de 75 anos.
O presidente Lula fez uma comparação correta de ponto de vista histórico e humanitário, porque os crimes dos nazistas não apenas contra judeus, mas também contra outras populações durante a 2ª Guerra na Europa, se assemelham ao que sionistas do regime supremacista de “Israel” vem cometendo contra a população de Gaza, através de um massacre que já provocou cerca de 30 mil mártires, sendo a maioria crianças, mulheres e idosos, além dos cerca de 10 mil desaparecidos entre os escombros, cujos corpos não foram recuperados.
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Benjamin Netanyahu, o Primeiro-Ministro do estado nazi-sionista de “Israel”, um criminoso de guerra e terrorista, no sentido mais literal do termo, se vale da inversão do conceito de que “Israel” está “exercendo seu direito de autodefesa” para mentir ao mundo, porque de acordo com o Direito Internacional, especialmente a Carta das Nações Unidas e a Convenção de Genebra, uma força de ocupação, como “Israel”, não possui o direito à autodefesa, não está autorizada a realizar bombardeios contra bairros residenciais, hospitais, escolas da ONU, templos religiosos e civis desarmados, tampouco permite o sequestro e tortura de milhares de palestinos. No entanto, “Israel” persiste em tais práticas com total apoio e financiamento dos EUA e pela mídia hegemônica.
A acusação de antissemitismo usada para intimidar os críticos de Israel ou para esterilizar a discussão e desviar a atenção dos problemas reais, é muito conveniente e útil quando os sionistas estão sem argumentos. Há uma clara distinção entre o antissemitismo como o ódio aos judeus, por um lado, e as críticas legítimas às políticas degradantes, opressivas e genocidas de Israel contra o povo palestino, por outro.
Ao contrário dessa manipulação vergonhosa, mas conveniente aos sionistas, a comparação feita pelo presidente Lula é totalmente apropriada, porque enquanto a intenção de Hitler era a eliminação dos judeus, a de “Israel” consiste na aniquilação do povo palestino, em uma operação de limpeza étnica e genocídio. Nesse sentido, os nazistas e os sionistas podem ser considerados irmãos siameses no pensamento e ação.
Os sionistas usam o holocausto de judeus ocorrido na Europa como uma indispensável e conveniente arma ideológica em seu favor na política de criar disfarces e deturpar fatos. O escritor de origem judaica Norman G. Filkelstein, que teve grande parte da sua família assassinada nos campos de concentração nazista, escreveu no seu livro A Industria do Holocausto que “a maior parte das pessoas desconhece o fato de que o movimento sionista, que sempre invoca o horror do holocausto, tenha colaborado ativamente com o inimigo mais feroz que os judeus já tiveram [o nazismo].
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), por exemplo, que é frequentemente acusado de terrorismo e antissemitismo pelos ocupantes sionistas, tem como prática não manifestar ou apoiar nenhuma conduta contra os judeus por quem eles são. O programa do movimento de 2017 afirma que sua luta é contra “o projeto sionista, não contra os judeus por causa de sua religião. O Hamas não trava uma luta contra os judeus porque são judeus, mas trava uma luta contra os sionistas que ocupam a Palestina.”
A fúria dos apologistas dos crimes de Israel contra as declarações do Presidente Lula é porque “Israel” já perdeu a batalha na opinião pública mundial, através do evidente crescimento da impopularidade do estado sionista em todo o planeta. Os ataques insanos contra Lula, esse gigante de prestígio internacional, são a cortina de fumaça que eles precisavam para tentar cobrir a evidente derrota militar em Gaza e as massivas manifestações de apoio à Palestina nas principais cidades do mundo e de franco repúdio as ações do Estado terrorista de Israel.
O lugar de Israel é no banco dos réus, porque viola o Direito Internacional. O direito de legítima defesa é assegurado por todos os meios, inclusive pela luta armada, apenas aos povos oprimidos e sob ocupação, neste caso o povo palestino, que vem se defendendo por meio dos esforços, do martírio e do heroísmo dos combatentes da resistência palestina.
Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Twitter/X: @soupalestina
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