O capitalismo e as desigualdades sociais. Por Sebastião Costa

E o 'mundo  civilizado' juntou ganância, egocentrismo e insensibilidade para conquistar povos que viviam na harmonia de sua rotina social.

Imagem: diarioresponsable.com

Por Sebastião Costa.

Nascido na Europa, o capitalismo se desenvolveu nos escombros do feudalismo  e herdou desse sistema o egocentrismo desenfreado.

Tempos depois, ele, o capitalismo, embarcou no navio da ganância lucrativa e empurrado pelo motor da insensibilidade social trafegou por mares nunca dantes navegados, para se instalar em mundos nunca antes visitados.

E o ‘mundo  civilizado’ juntou ganância, egocentrismo e insensibilidade para conquistar povos que viviam na harmonia de sua rotina social.

Na América Latina dizimou civilizações, no continente africano praticou a brutalidade  de arrancar homens e mulheres de seu convívio social, de sua convivência  familiar para alimentar a voracidade econômica sem limites do Sistema.

Fale-se do olhar complacente da Santa Madre Igreja sobre essas atrocidades praticadas no ‘Novo Mundo’ .

São três as fases do capitalismo: Comercial, teve seu apogeu durante as grandes navegações; Industrial, inaugurado lá na Inglaterra do século XIII e o capitalismo financeiro nascido no século passado, inaugura um sistema de perfil especulativo ( improdutivo ) monopolizado por  bancos e grandes corporações, caracterizado pelo processo de globalização e o fortalecimento do imperialismo.

Capitalismo enfeitado com as flores da democracia pela mídia corporativa, produzindo muita pobreza, distribuindo muita miséria ao redor do mundo, ao longo dos séculos.

 Nas “VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA” o uruguaio Eduardo Galeano expõe com frieza a expropriação, a exploração e o genocídio dos povos nativos – Riquezas descobertas e devidamente transferidas para robustecer o patrimônio já robustecido  dos países colonizadores.

. Em “ELITE DO ATRASO” o sociólogo Gessé Sousa demonstra com imensa racionalidade a violência da escravatura, alicerçando  a estrutura de uma sociedade absolutamente injusta. – Nos territórios ‘colonizados’, o perfil concentrador e a renda  restrita a uma elite privilegiada a disseminar pobreza e miserabilidade.

Todas as perversidades do sistema capitalista ficaram muito bem documentadas em pesquisas divulgadas em janeiro desse ano pela  OXFAM, ONG radicada em território britânico.

” Na última década, 1% dos mais ricos do mundo acumulou 50% da riqueza mundial”… “Em 2022 as empresas de alimentos pagaram mais de 257 bilhões de dólares aos seus acionistas. Nesse mesmo ano 800 milhões de habitantes ao redor do mundo  dormiam com fome”… “pela primeira vez em 30 anos a riqueza extrema e pobreza extrema cresceram simultaneamente”.

Em nosso país, as pesquisas da OXFAM concluíram que seis bilionários acumulam a renda equivalente a  um contingente de 100 milhões de brasileiros que habitam os rincões e grotões desse imenso país.

Ponha-se como coadjuvante no processo de aprofundamento do imenso fosso social que separa pobres e afortunados, o neoliberalismo impulsionado pelo consenso de Washington, com  incentivo escancarado da Dama de Ferro britânica, em conluio com o caubói norte-americano.

Uma visita ao pensamento do filósofo italiano Antônio Gramsci e vamos observar que a manutenção de toda essa violência social está amparada em três alicerces: a mídia direitizada manuseada pelos inquilinos da Casa Grande; o conservadorismo do sistema educacional (alô, alô Paulo Freire); a religião anestesiando a consciência politica/social dos fiéis ( por onde anda meu Deus, a teologia da Libertação?)

Indispensável inserir neste contexto, o conformismo letárgico dos partidos  progressistas, eternamente derrotados em eleições legislativas (  os eleitores de Lula da base da pirâmide social elegem os parlamentares anti-Lula), e sem a mais remota consciência da necessidade de promover educação política aos muitos milhões de pobres e miseráveis que vão dormir de barriga vazia.

Irresistível uma revisita à mensagem revolucionária exposta na  visão política e  consciência social do maranhense João do Vale
–  “Carcará pega mata e come. Carcará não vai morrer de fome. Carcará, mais coragem do que homem”.

Sebastião Costa é médico pneumologista e comentarista de política e saúde.

 

 

 

 

 

 

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