O Bastidor: Caso Covaxin, offshore é controlada por empresa de vacina de gado

Foto: Imagem em destaque no site da Biovet Private Limited

Por Diego Escosteguy.

A Madison Biotech, indicada pela Precisa Medicamentos para receber do Ministério da Saúde US$ 45 milhões do contrato da Covaxin, é controlada por uma empresa indiana especializada em vacinas de gado, revelam registros do governo de Cingapura obtidos pelo Bastidor. Cingapura é um paraíso fiscal.

Como o Bastidor revelou mais cedo, a Madison Biotech é sediada num endereço de fachada, usada por outras 600 empresas, muitas delas de prateleira. Documentos de incorporação da Madison em posse do governo de Cingapura e obtidos pela reportagem demonstram que a verdadeira dona dela é a Biovet Private Limited.

A Biovet Private Limited tem sede em Malur, na Índia. É uma empresa veterinária. O principal produto vendido pela Biovet são vacinas para gado.

Ao contrário do que afirmou o ministro Onyx Lorenzoni, a Madison Biotech não é uma subsidiária legal, em Cingapura, da Bharat Biotech, fabricante da Covaxin. Embora diga que possa haver fraudes na fatura de US$ 45 milhões encaminhada pela Precisa e não paga por um servidor do governo, o próprio ministro apresentou uma segunda invoice, com pequenas modificações – e com os dados da mesma Madison Biotech.

Apesar do controle pela empresa de vacina de gado, há indícios de que a Bharat Biotech tem ligação indireta com a Madison Biotech. O responsável pelo registro do domínio “madisonbiotech.sg” é o executivo Sai Prasad, da Bharat Biotech. Ele usa um endereço de email da fabricante indiana junto aos registros do site da empresa de Cingapura. Ademais, um dos sócios da Bharat Biotech também é sócio da Biovet Private Limited.

As evidências disponíveis apontam, portanto, para o fato de que a Madison Biotech é um veículo para que os vendedores da Covaxin recebam valores do governo brasileiro de maneira indireta. Não resta claro por que a indiana Bharat Biotech e a brasileira Precisa tentaram usar a empresa de Cingapura para esse fim – nem se haveria ilegalidade nesse ato.

Para avançar nessa frente, será preciso descobrir quais pessoas naturais controlam as contas bancárias em nome da Madison Biotech. A CPI da Pandemia e o Ministério Público Federal investigam o contrato de US$ 300 milhões entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, empresa do lobista Francisco Maximiano e intermediária no Brasil da Bharat Biotech.

Procuradas fora do horário comercial, a Bharat Biotech e a Biovet Private ainda não se manifestaram.

Veja abaixo cópia de trecho dos documentos de incorporação da Madison Biotech:

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