A Novembrada é o nome pelo qual ficou conhecida a grande manifestação popular durante os anos de chumbo do Regime Militar implantado em 1964 no Brasil, ocorrida no movimentado centro de Florianópolis em 30 de novembro de 1979. Vivia-se o período da “Abertura”. Cogitava-se que o presidente que sucederia o General João Figueiredo seria civil, mas escolhido em eleições indiretas. Neste dia, o General Figueiredo chegava à capital catarinense para participar de solenidades oficiais, como o descerramento de uma placa em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto e conhecer o projeto de criação de uma indústria siderúrgica para posterior liberação de recursos financeiros necessários à sua implantação.
A recepção ao presidente-general foi organizada por Esperidião Amim e Jorge Bornhausen que tentaram de todas as formas camuflar o ambiente hostil que se formou na cidade. Funcionários públicos foram constrangidos a ir à praça recepcionar o presidente e também a comprar ingressos para o churrasco organizado pelos políticos da Arena – Aliaça Renovadora Nacional.
Traçou-se um paralelo entre o então General presidente e o Marechal de Ferro, que deu o nome à cidade. Ao Marechal Floriano vinha sendo atribuída a prática, à sua época, das mesmas arbitrariedades que as do regime militar vigente. Este enfoque histórico era difundido nos meios estudantis locais, granjeando adeptos para uma proposta da troca do nome “Florianópolis” pela denominação anterior – “Desterro”. Embora seja corrente afirmar que a placa em Homenagem a Floriano Peixoto foi o estopim, muitos participantes da manifestação deixaram claro que o descontentamento era mesmo pela ditadura, levando em conta o constante aumento do custo de vida, em especial dos combustiveis.
Após ser recepcionado no Palácio Cruz e Sousa, Figueiredo dirigiu-se ao “Senadinho”, tradicional ponto de encontro no centro da cidade. Neste pequeno trajeto entre o Palácio e o café, Figueiredo foi hostilizado e dispôs-se a discutir. Na praça 15 de Novembro, Figueiredo foi recepcionado por uma manifestação estudantil, com cerca de 4 mil pessoas, organizada pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina. A manifestação foi abafada pela Polícia Militar, resultando em muita confusão e violência e na prisão de sete estudantes que foram indiciados pela Lei de Segurança Nacional.
Nas semanas que seguiram várias manifestações foram organizadas exigindo a libertação dos estudantes presos. Algumas contaram com até 100 mil pessoas (número bastante relevante se comparado com o total da população florionopolitana na época). A TV Cultura, e a TV Barriga Verde, que fizeram a cobertura da reportagem, tiveram todo o material apreendido. O episódio virou um curta-metragem – Novembrada (de Eduardo Paredes) -, premiado pelo Festival de Gramado, em 1996.
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