Nota de esclarecimento do Instituto Arco-Íris

    A Diretoria do Instituto Arco-Íris vem a público esclarecer os eventos da última sexta- feira 18/06/2021 e dizer de antemão, que as denúncias de racismo institucional, e por parte de dirigente específico do Instituto Arco-Íris são falsas e difamatórias. Aline Silva Salles nunca foi expulsa do Instituto Arco-Íris, tampouco foi ofendida por membros da entidade.

    O Contexto

    A partir de 19 de março de 2020 a autoridade sanitãria do município de Florianópolis oficiou ao Instituto Arco-Íris a suspensão das atividades realizadas na sede do Instituto Arco-Íris até segunda ordem. Posteriormente, com o surgimento de casos de COVID entre pessoas da equipe, foi determinado que a sede permanecesse lacrada por dois períodos para evitar infecções.

    Ainda em dezembro de 2020, sentindo uma certa pressão pelas discussões geradas a respeito da reabertura plena do comércio, de escolas e serviços, antecipando-nos às pressões, decidimos no âmbito da diretoria que só iríamos reabrir as atividades na sede quando houvesse condição sanitária, ou seja, quando as populações com as quais trabalhamos estivessem imunizadas. Esta decisa?o permanece vigente.

    Neste momento, com o avanço da imunização (a passos de tartaruga, é verdade), temos trabalhado para receber a visita da Vigilância Sanitária do Município e a apresentação de um plano de cuidados com os protocolos de segurança para a retomada das atividades, ainda sem previsão de data.

    Informalmente, as pessoas ligadas às equipes de trabalho do Instituto Arco-Íris, após a primeira onda, puderam ingressar na sede do Instituto Arco-Íris acompanhadas de pessoas das suas relações pessoais (pais, cônjuges, filhos) ou estes os esperavam na sede até que retornassem de suas atividades. Situações admitidas pela regra do bom senso, para facilitar o cotidiano das pessoas das equipes que atuam na linha de frente não só da pandemia sanitária, mas fundamentalmente da pandemia de miséria e exclusão cronificada que impede às pessoas acesso à moradia. É portanto uma conveniência dos trabalhadores dos projetos da instituiçãoo. Nunca foi salvo-conduto para que alguém da população atendida pela instituição, para além do acompanhamento de seu companheiro que trabalha em determinado período possa desrespeitar a regra sanitária estabelecendo precedente de privilégio frente a todas as demais pessoas que buscam a instituição cujos acessos são negados.

    Os acontecimentos de 18/06/2021

    Na última sexta-feira a companheira Aline Salles compareceu na sede, entrou para usar o banheiro e ao sair, visivelmente alterada agrediu verbalmente uma mulher idosa de 73 anos que é da diretoria do Instituto Arco-Íris. Fez esca?ndalo aos gritos proferindo acusações, reiterando atitude idêntica ocorrida dias antes na Passarela do Samba. Ao sair à rua, encontrou um dos diretores do Arco-Íris ali próximo, na Rua Tiradentes, enquanto este entrava numa lanchonete e proferiu aos gritos uma sequência de acusações e ofensas. Não houve discussão alguma. Novamente escândalo e gritos unilaterais. Diante do silêncio, Aline seguiu em direção à Praça XV. Seu companheiro foi avisado e partiu em busca dela.
    Na sede, houve questionamento às pessoas que estavam lá no momento das primeiras agressões contra a idosa. Foi esclarecido que as agressões são atitudes graves. Foi esclarecido que as companheiras, os companheiros e familiares dos trabalhadores dos projetos não deveriam ser vetados de passar pela sede por serem companheiras e companheiros das trabalhadoras e dos trabalhadores, mas que a condição de companheira ou companheiro ou filha/filho de um trabalhadora ou trabalhador não pode justificar que a usuária frequente ou utilize a sede com privilégio para além de seu vínculo familiar diante das demais pessoas da população de rua que buscam a sede e TODAS, sem exceção são atendidas na porta e não podem ingressar. Também se falou que deveria haver conversa com a usuária, quando se apresentasse sóbria, a respeito destas questões todas, com a presença de seu companheiro que está vinculado aos trabalhos institucionais.

    As situações envolvendo Aline Salles e pessoas da equipe e da diretoria do Instituto Arco-Íris neste dia ocorreram todas na presença de testemunhas e os fatos estão para ser apurados. Deixamos de citar neste momento os tipos de acusações e ofensas proferidos por Aline para que numa eventual apuração séria dos fatos os interessados possam verificar e então concluir seu julgamento.

    Nossa relação com o movimento POP Rua

    O Instituto Arco-Íris em seus 25 anos de existência, tem sido uma trincheira na defesa da democracia, dos direitos humanos ao mesmo tempo em que tem incentivado e promovido que as populações em situação de maior vulnerabilidade social conquistem e desenvolvam autonomia em relação a quaisquer outros movimentos e organizacções públicas e privadas. Assim ocorreu com inúmeras organizações, muitas das quais continuaram atuando por anos como é o caso das mulheres profissionais do sexo, travestis, transgêneros e redutores de danos. O Instituto Arco-Íris jamais pretendeu custodiar organizações ou populações quaisquer que sejam, ao contrário, promove a cultura da independência, emancipação e transcendência.

    Já há? algum tempo temos falado com companheiros do Movimento em relação à possibilidade de constituição legal do movimento. Porque é o Instituto Arco-Íris quem executa o Resgate Social? Porque é a Nurrevi quem executa o projeto da Passarela? Porque sãp organizações que se constituíram formalmente e participaram de uma seleção de projetos. Já dissemos, e o reiteramos em público, se o Movimento participar do(s) próximo(s) edital(is), o Instituto Arco-Íris abre mão imediatamente de concorrer. Mas para que isso ocorra, é preciso se constituir formalmente. Oferecemos toda assessoria porém até o momento não houve resposta alguma do movimento à sugestão.

    Desde que houve outras acusações maliciosas e difamatórias contra o Instituto Arco-Íris em nome do Movimento Pop Rua, solicitamos uma reunião entre as direções do Movimento e do Instituto Arco-Íris, e temos reiterado esta solicitação, porque quando somos parceiros verdadeiros, dialogamos, buscamos pontos comuns, buscamos construir mesmo na divergência e não proferindo acusações levianas, narrativas distorcidas e golpes baixos, promovendo difamação. A pessoa acusada injustamente de proferir frase racista sequer dialogou com Aline, é militante que tem anos de contribuições efetivas nas lutas e na própria organicidade de entidades do movimento e da comunidade negra em Florianópolis.

    O Movimento Pop Rua diz nas postagens pelas quais nos ataca, estar disposto a dialogar. Estamos há mais de dois meses pedindo este diálogo, e olha que há pessoas da Pop Rua nos dois projetos do Instituto Arco-Íris.

    Entrementes (aqui há finalmentes)

    Estamos discutindo as providências que serão tomadas. E elas serão, não para o confronto gratuito e vil que se promoveu contra nós, mas para que se faça investigação séria e à verdade dos fatos seja dada à luz. Nâo atuaremos no ritmo da pirotecnia das redes sociais e não iremos expor aqui Aline Salles pois nós, e só respondemos por nós, não a utilizaremos como bode expiatório para ressentimentos escusos, ataques covardes e interesses obscuros.

    Aos movimentos e organizações que se precipitaram a nos acusar e repudiar, convidamos para o diálogo e a verificação das ocorrências, não somente uma versão narrada unilateralmente.

    Somos uma organizaçãoo de 25 anos de luta pelos direitos humanos, um ponto de cultura da rede nacional, um celeiro de lideranças e de organizações, somos compostos por militantes de esquerda com décadas de luta e assim permaneceremos. Somos ocupação e resistência!

    #VacinaNoBraço #ComidaNoPrato #ForaBolsonaro

    Leia a carta do Movimento População de Rua em solidariedade à Aline Silva de Salles

     

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