Neonazista português preso por fomentar atentados a escolas no Brasil

Adolescente influenciava seguidores a cometer ataques em escolas e a morador de rua para monetizar nas redes; um dos atentados tirou a vida de uma estudante de 17 anos

Neonazista português seria o mentor intelectual de tiroteio ocorrido no dia 23 de outubro de 2023, quando um atirador de 15 anos protagonizou um atentado à Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, deixando dois feridos e uma estudante morta, baleada na cabeça. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Por Marcelo Menna Barreto.

Um adolescente português de 17 anos de idade, defensor de ideias neonazistas, foi preso preventivamente na semana passada pela Polícia Judiciária (PJ) de Portugal por liderar ataques a escolas no Brasil. Apontado como autor intelectual do tiroteio que tirou a vida de Giovanna Bezerra, 17 anos, na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, planejava outros atentados. Entre eles, a captura e a tortura até a morte de um morador de rua para ser exibido nas redes, mediante pagamento.

A operação contou com o apoio da Polícia Federal (PF) brasileira. A PF investigava o ataque à E.E. Sapopemba e teve a colaboração da plataforma Discord.

Em coletiva, o diretor nacional da polícia portuguesa, Luís Neves, relatou que o adolescente movimentava uma teia de seguidores na rede social Discord e tinha planos que ela encontrasse um morador de rua para ser torturado até a morte. A ideia, segundo Neves, era monetizar as imagens do ato que seriam vendidas.

“Um dos crimes que estava a ser programado, no Brasil, era o homicídio com indícios de demorado sofrimento de um ‘mendigo’, com essas imagens transmitidas num ambiente cibernético e em que cada usuário pagaria uma quantia para assistir”, afirmou o diretor da PJ.

Com pais separados, o jovem neonazista residia uma parte do seu tempo em Santa Maria da Feira e outra em Gondomar, sub-regiões da área do Porto.

Ideias extremistas

Segundo a Agência Lusa, o despacho judicial que embasou a prisão preventiva do neonazista destacou “notório perigo concreto de continuação da atividade criminosa, quer pela reiteração dos fatos, quer pela expressiva gravidade dos mesmos”.

A peça ainda registra “ideias extremistas e radicais muito enraizadas” no jovem que tem em sua personalidade “magnitude da brutalidade e da violência”, com o agravante de ter o poder de influenciar outros jovens.

Responsável pelo mandado de prisão, a juíza Carina Realista Santos afirmou também constatar “total indiferença e desprezo” do adolescente pelos crimes.

O neonazista tinha planos para atentados em outras escolas brasileiras. Ele aguardará julgamento na prisão sob a acusação de 11 crimes: homicídio qualificado, cinco tentativas de homicídio, pornografia de menores, associação criminosa, instigação pública a um crime e apologia pública ao crime.

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