Redação.
A deputada federal Ana Paula Lima, PT/SC, tem se destacado como a parlamentar mais atuante do nosso estado. Nos quadros abaixo* podemos observar uma síntese gráfica da sua atuação no plenário e nas comissões. Também sua presença permanente e a elaboração de propostas e projetos focados em diversas áreas, especialmente na saúde.
Ana Paula é enfermeira obstetra e militante desde sua juventude. Paranaense de nascimento, tem feito de Blumenau sua cidade de residência permanente há muitos anos, e nesse entorno tem se destacado ao longo de décadas.
A deputada petista faz parte de um parlamento nacional hostil, e não poucas vezes refratário, às ideias de igualdade de direitos, na defesa da saúde das maiorias, dos avanços nos direitos das mulheres e dos grupos considerados “minoritários” pelos parlamentares, majoritariamente homens, brancos e que representam as elites brasileiras. Bancadas fisiológicas moralmente conservadoras na visão de mundo e outras vezes estritamente retrógradas aos avanços civilizatórios.
Nessa realidade, e não por mera apologia gratuita e desnecessária de toda e qualquer parlamentar brasileira, que se depara na frágua diária com um espaço mais vinculadas aos negócios das classes de poder, a trajetória de Ana Paula de Souza Lima tem chamado a atenção. Por essa razão motivou o diálogo do Raul Fitipaldi, para o Portal Desacato com a parlamentar, para tratar de diversos assuntos relacionados ao estado catarinense e ao país.
*Quadros com o registro de atuação de Ana Paula Lima:
A seguir o diálogo entre Ana Paula Lima e Raul Fitipaldi:
Mortalidade materna
Raul Fitipaldi. Quais são os principais problemas que ainda precisam ser resolvidos na área da saúde em Santa Catarina?
Ana Paula Lima. O governo federal tem investido muito em saúde, uma área muito sensível. Mas o que mais me preocupa hoje é o aumento da mortalidade materna no estado. Em 2024, tivemos 43 mortes maternas — um crescimento de quase 50% em relação ao ano anterior. Isso é inaceitável. Nenhuma mulher deve morrer por causas evitáveis durante a gestação ou o parto. Estou comprometida em fortalecer a Rede de Atenção Materno-Infantil, ampliar o acesso ao pré-natal de qualidade e lutar para que Santa Catarina receba investimentos do programa Rede Alyne, do governo federal, que tem como meta reduzir essas mortes em 25% até 2027.
Além disso, graças ao governo Lula, conseguimos importantes avanços: só em 2024, Santa Catarina recebeu quase 40 novas ambulâncias, 131 obras na saúde pelo Novo PAC — entre policlínicas, UBSs e maternidades — e mais de R$ 4,7 milhões em emendas que destinei para 21 municípios, com foco em saúde primária e especializada. O cuidado com a vida precisa ser prioridade absoluta.
Porto de Itajaí
R.F. Em nível estadual, como avalia, do ponto de vista da criação de empregos, infraestrutura e turismo, a federalização do Porto de Itajaí?
A.P.L. A federalização do Porto de Itajaí é uma grande conquista para Santa Catarina, resultado direto do compromisso do governo Lula com o desenvolvimento do estado. Em apenas 100 dias de gestão federal, o porto registrou faturamento de R$ 50 milhões — um aumento de 125% — e gerou R$ 900 mil em ISS para o município. Também foi anunciado concurso público com 122 vagas, depois de quase 30 anos sem novas contratações.
Além disso, foram investidos R$ 48 milhões em dragagem e manutenção do canal de acesso, fundamentais para garantir segurança e eficiência logística. E tivemos a melhor temporada de cruzeiros da história do porto, com planos para construção de um novo píer turístico. Ou seja, mais emprego, mais arrecadação e mais desenvolvimento. Esse é o tipo de parceria que dá certo quando o governo federal assume o protagonismo com responsabilidade e visão de futuro.
Pichações nazistas
R.F. Novamente apareceram pichações de corte nazista nas escolas de Santa Catarina. Como resolver essa mazela que continuamente atinge nosso estado?
A.P.L. É revoltante que, em pleno século 21, ainda tenhamos manifestações de apologia ao nazismo nas escolas de Santa Catarina. Isso exige uma resposta firme do estado. Não basta apenas punir — é preciso atuar na prevenção. Precisamos de uma política educacional antirracista, cidadã e democrática, que forme nossas crianças e jovens para a convivência e o respeito às diferenças.
Defendo uma atuação coordenada entre o Ministério da Educação, os estados e os municípios, com formação continuada para os professores, incentivo à cultura da paz e combate sistemático ao discurso de ódio. O silêncio diante do extremismo é cumplicidade. Precisamos pacificar o nosso país.
A saúde das mulheres como foco
R.F. Que projetos do seu mandato, direcionados às mulheres catarinenses, você destacaria como os mais importantes?
A.P.L. Como mulher e parlamentar, tenho o compromisso de transformar as pautas das mulheres em políticas públicas concretas. Um dos projetos que mais me orgulha é o PL 876/2025, de minha autoria, que garante a oferta de terapia hormonal no SUS para mulheres na menopausa e no climatério. São cerca de 30 milhões de brasileiras nessa fase da vida, mas apenas 238 mil foram diagnosticadas pelo SUS. É uma enorme desigualdade que precisa ser enfrentada. As alterações hormonais aumentam o risco de doenças graves e afetam diretamente a qualidade de vida das mulheres. O meu projeto prevê medicamentos avaliados pela Anvisa e Conitec, garantindo segurança e eficácia para todas.
Também celebro os avanços estruturais conquistados com o apoio do governo Lula. O repasse do Fundo Nacional de Segurança Pública aumentou de R$ 100 milhões em 2023 para R$ 116 milhões em 2024, sendo 10% destinados obrigatoriamente ao combate à violência contra a mulher. Além disso, estamos construindo uma rede sólida de acolhimento: já são 12 Casas da Mulher Brasileira financiadas e a meta é chegar a 40 até 2027, com investimento total de R$ 400 milhões. Também estamos investindo nos Centros Comunitários pela Vida (Convive), com R$ 28,7 milhões em 2024 e previsão de quase meio bilhão até 2028.
No campo da segurança, operações como a Átria e a Shamar resultaram em mais de 203 mil vítimas atendidas, 117 mil medidas protetivas concedidas e 17 mil prisões. E as campanhas educativas alcançaram 11 milhões de pessoas, com a capacitação de mais de 190 mil agentes para enfrentar a violência de gênero com responsabilidade.
Tenho uma trajetória de compromisso com essa causa. Em 2015, consegui aprovar a Lei nº 16.620, que criou o Observatório da Violência Contra a Mulher de Santa Catarina — um instrumento fundamental para orientar políticas públicas com base em dados reais. E sigo firme nessa luta: por saúde, dignidade e proteção para todas as mulheres catarinenses.
Eleições 2026
R.F. A eleição de 2026 já está na pauta dos principais atores da direita e ultradireita catarinense. Como se deve preparar para o enfrentamento o campo da esquerda no estado?
A.P.L. A extrema-direita já está em campanha, e a nossa resposta deve ser à altura: com unidade, proposta e coragem. Mas o presidente Lula tem trabalhado muito por Santa Catarina e os com os trabalhadores, os pequenos empreendedores, a juventude, as mulheres e o povo do campo, já sabem do compromisso do governo federal com cada um deles. No campo progressista temos visão de futuro próspero para Santa Catarina, diferente do atual abandono do governo estadual.
O governo Lula tem mostrado que é possível governar com diálogo e com resultados. Cabe a nós fortalecer esse caminho e continuar apresentando um projeto que dê dignidade ao povo catarinense.
Ana Paula de Souza Lima é enfermeira obstetra e deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores – Santa Catarina. Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Raul Fitipaldi, é jornalista e apresentador, cofundador do Portal Desacato e da Cooperativa Comunicacional Sul – @raulfitipaldi
