Na tarde do domingo 4, os funcionários da unidade Pinheiros do Sesc, na capital paulista, receberam cerca de 100 mulheres em busca de um local para jogar vôlei recreativo. Normalmente, os times femininos não chegavam a completar as 12 posições determinadas pelo esporte.
A procura aconteceu após a estudante Letícia Lavigne, de 24 anos, publicar um pedido nas redes sociais para que mais mulheres fossem praticar o esporte no local. A convocação online aconteceu depois que homens passaram a agredir verbalmente as mulheres que utilizam a quadra. Nas tentativas de partidas mistas, as agressões vinham em jogadas brutas propositais, numa tentativa de intimidá-las e afastá-las do local.
MULHERES DE SP: por favor, venham jogar volei com a gente aos domingos no Sesc Pinheiros. Estamos entrando em guerra com os caras lá, pq eles querem jogar no nosso horário pq nunca tem menina o suficiente!! E quando colocam eles pra jogar com a gente eles nos machucam.
— letícia (@leticia_lavigne) 29 de janeiro de 2018
A atividade esportiva, com horário das 14h30 às 16h15, fica reservada somente para mulheres, aos domingos, disponível apenas no Sesc Pinheiros como uma alternativa para muitas garotas que buscam um espaço acolhedor, democrático e gratuito para a prática esportiva.
No local qualquer mulher acima de 16 anos com documento de identidade ou carteirinha do Sesc pode chegar no horário e jogar. Para os homens, a opção é o vôlei misto, também aos domingos, das 12h30 às 14h30, além de outras opções durante a semana. Apesar disso, o horário que seria apenas do vôlei feminino acabou sendo compartilhado com homens, que em um nível avançado jogavam no horário anterior e permaneciam em quadra.
Letícia, que frequenta o Sesc desde outubro de 2017, conta que os problemas com os rapazes começaram em janeiro deste ano, quando a instituição modificou os locais de jogos por conta da programação de verão. Mesmo após uma tentativa de diálogo com a coordenação recreativa, porém, a atitude dos meninos não mudou.
“A situação já estava tensa em semanas anteriores, quando o professor colocou os meninos para jogarem conosco, a fim de completar o time. Naquele dia os garotos disseram em tom alto que forçariam o jogo e “sentariam” a mão na bola para sairmos da quadra. Eu saí, minha namorada saiu porque realmente não dava para jogar com eles. Na semana seguinte, conversamos com a coordenadora e novamente houve uma discussão com os rapazes para que eles se retirassem da quadra”, explica a jovem.