O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou na sexta-feira (4) que várias mulheres grávidas e crianças estavam entre os 240 migrantes que morreram afogados na costa da Líbia na semana passada, na tentativa de atravessar o mar Mediterrâneo.
Em comunicado à imprensa, a ginecologista e mediadora cultural do UNICEF, Helena Rodriguez, falou sobre a perda e o sofrimento dos sobreviventes trazidos à ilha de Lampedusa, na Itália, na última quinta-feira (3).
Ela citou o caso de uma jovem mulher liberiana que perdeu dois filhos – um menino de dois e uma menina de 13 anos –, e um irmão de 21 anos de idade. Todos morreram afogados após o barco em que estavam ter virado.
“Essa tragédia deixou esta jovem mulher em estado de choque. Ela viu seus filhos e seu irmão mais novo se afogarem na sua frente”, contou Helena Rodriguez.
“Mesmo ela tendo pago uma quantia de 2.400 dólares para a sua família fazer a travessia da Líbia para a Itália, quando ela e outros migrantes viram as condições do barco, se recusaram a entrar. Mas os traficantes atiraram, os forçando a entrar. É por isso que muitas pessoas se afogaram a cerca de 12 km da costa da Líbia”, acrescentou.
O UNICEF informou ainda que a mulher liberiana, uma das 29 sobreviventes levada à ilha, também está sofrendo de pneumonia aguda.
Além disso, outras duas mulheres que foram salvas pelo mesmo navio norueguês também perderam seus filhos no mar. A maioria das vítimas era do Senegal, Libéria, Guiné e Nigéria.
O UNICEF observou ainda que muitos resgatados também estavam em condições física e psicológica difíceis – alguns migrantes em coma e outros com queimaduras graves devido à exposição ao combustível do motor.
Com essa última tragédia, a ONU contabilizou a morte de mais de 4.200 migrantes no Mar Mediterrâneo somente em 2016. Cerca de 16 mil chegaram à Itália através do mar esse ano.
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Fonte: ONU.