Por Gabriela Moncau, para Brasil de Fato
Com ações simultâneas em São Paulo e Pernambuco, centenas de mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) protestaram, nesta quarta-feira (13), em repúdio ao caso do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, flagrado ao estuprar uma gestante em trabalho de parto no Rio de Janeiro. Na capital paulista e em Recife, os atos aconteceram em frente às sedes dos Conselhos Regionais de Medicina.
As ativistas entregaram uma representação aos conselhos demandando ações contra a violência de gênero e obstétrica nos espaços de saúde. Pediram também a cassação permanente do registro profissional do anestesista.
Na última terça-feira (12), o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro aprovou a suspensão provisória do registro de Quintella Bezerra. Com prisão flagrante convertida em preventiva, ele está atualmente no presídio carioca de Bangu 8, em unidade destinada a pessoas com ensino superior completo.
“É inadmissível que as mulheres não estejam seguras sequer na hora de dar à luz”, afirma Ediane Maria, coordenadora do MTST. “Os conselhos de medicina não podem se omitir diante dessa tragédia e têm como dever cassar o registro desse estuprador”, afirma.
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Em São Paulo, as manifestantes saíram da frente do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) e foram em marcha até a sede da Rádio Jovem Pan, na av. Paulista. Com cartazes com dizeres como “Jornalismo baixo”, o escracho denunciou a emissora por expor a identidade de uma das vítimas de Quintella.
Integrantes do MTST protocolaram uma notícia-crime ao Ministério Público Estadual de São Paulo, solicitando a investigação e a responsabilização da emissora. Acusando o Jornal Jovem Pan de ter colocado no ar – durante cerca de 24 horas – o vídeo do estupro sem a utilização de tarja ou desfoque no rosto da parturiente, o documento sugere que a equipe tenha incorrido “no crime de ‘divulgação de cena de estupro de vulnerável’, punido pelo Código Penal em seu artigo 218-C”.
“Queremos que a justiça seja feita”, diz Ediane. “A Jovem Pan é uma concessão pública e deve se pautar pela ética, ao invés de incentivar a violência; não podemos normalizar esse tipo de atitude que só degrada cada vez mais as mulheres em todo o país”, crítica.
Edição: Nicolau Soares