Por Thiago Iessim, para Desacato.info.
Nessa tarde do dia 5, na UFSC, ocorreu a primeira reunião aberta do Movimento Passe Livre (MPL Florianópolis), contra o aumento abusivo das tarifas, a qual determinou dia 14 de janeiro como data da primeira manifestação, às 17h no centro de Florianópolis. A formulação dos atos em oposição ao reajuste das tarifas contou com a presença de representações acadêmicas, frentes partidárias e estudantis.
Sentimentos como de penalização da sociedade em prol do lucro empresarial, boicote ao acesso à cidade e a falta de infraestrutura para mobilidade urbana alternativa foram temas tocados durante as rodadas de fala dos membros do MPL. Um tema em especial foi bastante recorrente: a transposição da luta para mais próximo aos trabalhadores e comunidades que dependem diariamente dos ônibus.
Leonardo Nürnberg, vice-presidente da União Catarinense dos Estudantes(UCE), ressalta “O preço da passagem, que já era alta, é um dos maiores empecilhos à mobilidade urbana da população, tornando nossa maior prioridade neste momento a revogação do aumento. Mas isso não exclui que devemos buscar estatizar o serviço de transporte público como única solução viável de um serviço de qualidade e com preço justo.“
Paula Parreiras, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre(ANEL), argumenta quanto aos principais problemas de mobilidade urbana na região metropolitana de Florianópolis, “A primeira coisa é que a mobilidade em nossa região é refém da lógica do lucro, o nosso direito de ir e vir, de trabalhar, de ter lazer, está atrelado a lógica do lucro, comprometendo grandes somas do orçamento das famílias. Acredito que para solucionar o problema deveria ser feito todo um replanejamento da mobilidade urbana e buscar alternativas como transporte leve sobre trilhos e marítimo. Infelizmente a qualidade não é o interesse do empresariado, a vontade real é o de mover o máximo de pessoas ao menor custo possível.”
Já Gustavo Lopes, bolsista de enfermagem do Hospital Universitário(HU), destaca o prejuízo do aumento para a população que frequenta a rede pública de saúde, “Existe uma dependência real do serviço público de transporte para o acesso a saúde. Com uma enorme busca da população por atendimento e apesar da saúde funcionar em rede, recai nos maiores hospitais as principais demandas, hospitais esses que são concentrados em áreas centrais da cidade. Pacientes que precisam realizar procedimentos clínicos semanalmente, por exemplo, tem de pegar ônibus sempre para o HU, seja da Palhoça ou de outras localidades e, caso não venha, muitas vezes corre o risco de falecer ou desenvolver complicações. Às vezes as pessoas pensam que é somente 40 centavos, mas esse aumento engloba diversas pautas, o direito a vida é uma delas.“
Mais informações a respeito do movimento e de como participar das reuniões e dos atos podem ser conferidas na página do MPL Floripa do Facebook.