Por Marcelo Menna Barreto.
Os 36 painéis com cartoons, charges e tirinhas dos cartunistas foram retiradas após a presidente da Câmara de Vereadores ter assistido a um vídeo publicado pelo vereador Valter Naigelstein (MDB) em suas redes dizendo que a mostra era “uma ofensa ao presidente do Brasil” e que o local ideal para a mesma seria “a sede do PT”.
Intitulada Independência em Risco, a exposição da Grafar aproveitava a semana que antecede o 7 de setembro para apresentar o olhar crítico de profissionais do traço, entre eles cartunistas premiados internacionalmente como Edgar Vasques, Santiago, Leandro Hals, Bier, Latuff, Vecente, Schroder, Dóro, Elias, Alexandre Beck, Alisson Affonso, Bruno Ortiz, Edu, Eugênio Neves, Gui Moojen, Hals, Kayser, Koostela, Nik, e Uberti.
Segundo a vereadora Monica Leal, as informações que a diretoria-geral da Câmara de Porto Alegre recebeu não condiziam com a realidade da exposição. “Eu tenho toda a documentação na minha mão. Tanto que eu fiquei surpresa. Eu comecei a receber ligações de pessoas de fora, me levantei para conferir, e realmente a exposição é ofensiva”. A vereadora ainda destaca: “Não tem o porquê manter a exposição numa casa legislativa dessa forma” e ressalta que “Nenhum tipo de exposição ofensiva, na minha gestão, vai fazer parte do saguão em frente ao plenário”.
O vereador Marcelo Sgarbossa (PT), autor do pedido de autorização para a exposição, manifestou seu espanto com a notícia da
retirada dos trabalhos. Ironicamente o parlamentar afirmou: “isso coloca em dúvida se estamos em uma democracia ou não”. Sgarbossa ainda informou o Extra Classe que não foi comunicado oficialmente da decisão da presidente da Casa.
Para Sgarbossa, a declaração do vereador Naigelstein sobre o local ideal para a mostra é natural “vindo de uma pessoa que deu o título de cidadão portoalegrense ao Mourão (general Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil). Para o vereador, o parlamentar do MDB discorda do conteúdo, um tema que não é de um partido, mas, sim, uma opinião política.
É nessa lógica que Sgarbossa também rebate a posição da presidente da Câmara. “Nenhum trabalho ali é ofensivo. Nenhum trabalho expõe ou critica questões como sexualidade, por exemplo”, diz ao questionar: “Se ela tivesse visto antes os trabalhos, ela iria censurar?”. Para ele, Monica Leal, tenta confundir e se clocar como se fosse enganada e lembra que uma das charges foi feita em conjunto por todos os cartunistas presentes na hora da inauguração da exposição. “E a vereadora Monica Leal já foi secretaria de Cultura do Estado. Essa é uma das ironias do sistema”, conclui.