Por Altamiro Borges
Nesta quinta-feira (7), numa cena irônica e patética, o ex-juizeco e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) sentou-se no banco dos réus por quase uma hora durante depoimento ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná no processo que pede a cassação do seu mandato por abuso de poder econômico e outras falcatruas. Além de cometer novos crimes contra a língua portuguesa, o ex-valentão da midiática Lava-Jato se acovardou e ficou calado diante de vários questionamentos.
Segundo registro do site Metrópoles, “o senador optou por responder às perguntas do relator das ações e do Ministério Público, mas ficou em silêncio diante das perguntas dos advogados do Partido dos Trabalhadores e do Partido Liberal. A oitiva ocorreu dentro da análise de Ações de Investigação Judicial Eleitoral, de autoria do PT e do PL, que acusam Moro de abuso de poder econômico, arrecadação e gastos eleitorais ilícitos, além de mau uso dos meios de comunicação”. Prova do isolamento do ex-juiz e ex-ministro do fascista Jair Bolsonaro, as duas siglas – que são diametralmente opostas – pedem que ele seja cassado e fique inelegível por oito anos.
O ex-valentão agora pousa de vítima
Os partidos apontam várias irregularidades nas contas de campanha de Sergio Moro. Uma das denúncias é que ele teria se beneficiado de verba pública doada ao Podemos, legenda pelo qual se candidatou à Presidência, na sua disputa para o Senado pelo União Brasil no Paraná. Há ainda registros de inconsistências na prestação de contas do senador, como o descumprimento do prazo para a entrega de relatórios. A defesa do ex-juizeco até tentou trancar a ação, mas a Procuradoria negou os recursos e decidiu ouvir as testemunhas do caso.
Durante seu acovardado depoimento, Sergio Moro pousou de vítima ao tentar justificar seu silêncio. “Me sinto agredido e não me sinto confortável em participar de um teatro… Participei de uma eleição muito difícil, mas foi tudo dentro das regras… São ações frívolas do PT, que tem uma animosidade comigo, e, do outro lado, de um candidato que perdeu as eleições e quer ganhar no tapetão”, afirmou o réu em referência ao ex-candidato ao Senado e ex-deputado federal Paulo Martins (PL), segundo colocado nas eleições do ano passado.
Conforme relata a Folha, “é a primeira vez que o próprio senador se pronuncia publicamente sobre a ação de investigação, que começou a tramitar no TRE no final do ano passado. Embora cada partido – PT e PL – tenha protocolado separadamente uma ação de investigação contra Moro, as duas petições são semelhantes e foram unificadas em um único processo… O depoimento nesta quinta-feira encerra a fase de instrução do processo, que deve ir a julgamento no TRE em janeiro de 2024”.
Moro já é tratado como ex-senador
Para o advogado da Federação Brasil Esperança (PT, PCdoB e PV), Luis Eduardo Peccinin, o ex-juizeco mostrou fraqueza ao não responder as mais de 200 perguntas formuladas. “Vamos ficar sem as respostas. Mas, para nós, não faz diferença porque a questão está comprovada nos autos. Tem muitos documentos… Acredito na cassação com toda certeza. Se o TRE entender que não houve impropriedade, nas eleições do ano que vem todo mundo vai se aproveitar dessa autorização para cometer caixa dois”.
Como ironiza o site Brasil-247, Sergio Moro já é encarado como ex-senador. “No cenário político, sua possível cassação já gera movimentações para a ocupação de sua vaga. O PL considera a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, enquanto o PT aposta em Gleisi Hoffmann, atual presidente do partido”. Triste – e merecido – fim do “marreco de Maringá”, do fiador do fascista Jair Bolsonaro e do ex-herói da mídia lavajatista.