Moro chega ao STF, mas como investigado

Charge: André Ribeiro

Por Altamiro Borges

Sergio Moro sempre nutriu o sonho de um dia virar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Para isso, o ex-juizeco promoveu abusos na midiática Lava-Jato, ajudou no golpe do impeachment de Dilma Rousseff, decretou a prisão de Lula e ganhou de presente um carguinho no covil fascista de Jair Bolsonaro. Apesar dessas manobras e golpes, o “marreco de Maringá” não conseguiu realizar seu desejo. Agora, porém, ele finalmente chegará ao STF, mas como investigado. A vida é cruel!

Nesta semana, o ministro Dias Toffoli determinou a abertura de um inquérito contra o senador do União Brasil do Paraná. Ele atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apresentou suspeita de fraude em uma delação premiada da Operação Lava-Jato. A abertura da investigação foi revelada pela GloboNews. O processo está sob sigilo e a decisão do ministro é de 19 de dezembro, um dia antes do recesso do Judiciário. O caso ruidoso envolve o empresário e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia.

Fraude processual, organização criminosa e concussão

Em depoimentos e entrevistas, ele revelou que foi obrigado a gravar pessoas de forma ilegal a pedido do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores de Curitiba, liderados pelo jagunço Deltan Dallagnol. Isso ocorreu após o empresário firmar acordo de delação premiada em 2004. Por decisão de Dias Toffoli, os investigadores agora irão apurar as suspeitas da prática de crimes como fraude processual, organização criminosa e concussão (crime contra a administração pública).

O ministro do STF autorizou a abertura do inquérito, determinou a juntada dos documentos apresentados por Tony Garcia aos autos e expediu ofícios solicitando documentos da Justiça Federal em Curitiba e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele ainda ordenou “que seja mantido o regime restritivo de publicidade dos autos para que não haja prejuízo para as diligências solicitadas”. Tony Garcia apresentou todos os indícios de crimes da Lava-Jato à juíza federal Gabriela Hardt, em 2021. Mas a magistrada – famosa “copia e cola” de Sergio Moro – abafou o caso. O relato do empresário somente foi enviado ao STF em abril de 2023.

Rosangela Moro também está na mira

Mais próximo ironicamente do STF e também da perda do seu mandato de senador, o ex-juizeco e ex-ministro do fascista reagiu a decisão de Dias Toffoli. Em nota, ele afirmou que “sua defesa não teve acesso aos autos e reafirma que não houve qualquer irregularidade no processo de quase vinte anos atrás”. Ele também “nega os fatos afirmados no fantasioso relato do criminoso Tony Garcia”. Já em sua rede social, o senador postou que não teme qualquer investigação e que sempre agiu “com correção e com base na lei para combater o crime”.

Será que o valentão está mesmo tão tranquilo? Nos próximos dias, o imbróglio pode ficar ainda mais cabeludo. A Folha informa que a Polícia Federal “também apontou a necessidade de investigação do caso e pediu a Dias Toffoli que sejam ouvidos no inquérito a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), esposa de Moro, e procuradores e ex-procuradores da República que atuaram na Lava Jato, como Deltan Dallagnol”. Em relato à PF, Tony Garcia afirmou que foi “utilizado, por longo tempo, como um instrumento de constrangimento ilegal”. Sergio Moro finalmente chegou ao Supremo. Será que também irá para a cadeia – junto com a sua “conje”?

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