Momento de união. Por Jean Carlos Carlesso.

O abraço emocionante entre Santa Catarina, Paraná e Argentina. Foto: Claudia Weinman, para Desacato. info.

Por Jean Carlos Carlesso, para Desacato. info.

A história do pensamento humano mostra que errar faz parte do processo da construção do conhecimento e da sociedade. Esses erros são combustíveis para as lições que levam ao desenvolvimento de ações mais acertadas e desenvolvidas.

A partir dessa lógica, eu vejo que um dos erros mais difíceis de se aprender é a união dos diferentes em causas comuns.

A história humana está cheia de exemplos em que a desunião por diferenças menores levam ao fracasso de ideias maiores.

Dentro desse contexto me reporto ao nosso tempo, onde o país passa pela pior crise institucional desde o golpe militar de 1964, e a pior crise sanitária da história (talvez só não pior que a pandemia da gripe espanhola).

Temos nas rédeas do Estado um truste racista, fascista, misógino e corrupto governando, e seu líder maior, o Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, flerta a todo o momento com movimentos antidemocráticos, que anseiam e buscam um golpe de Estado para a implantação de uma ditadura.

Para preparar o solo para plantar essa erva-daninha, Bolsonaro cria um inimigo que não existe, o perigo da ameaça comunista, a qual quer destruir a cultura, o conservadorismo e a direita econômica.

Para pessoas mais esclarecidas, é evidente que este plano sequer é escondido, ele é claro como a luz do dia, pois todas as acusações são feitas sem qualquer prova ou indício de tais maluquices.

Porém, isso não é necessário, pois Bolsonaro não está a falar com o povo brasileiro, mas com uma pequena parcela da população que prefere viver na ilusão do mito do que com os fatos da triste realidade.

Para exemplificar o que digo, pego o caso mais recente: Após a prisão de Fabrício Queiroz, uma bomba explodiu no colo da família Bolsonaro. Da noite para o dia Bolsonaro e seu filho querido, Flávio, correm o risco de terem toda a estrutura criminosa montada no Palácio do Planalto desvendada pela delação do Sr. Queiroz. Este homem representa um perigo tão sério que Bolsonaro precisou gastar um cartucho que não queria, deflagrou o tiro que tirou do governo um de seus asseclas mais maluco e fiel, o ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub.

No discurso de saída de Weintraub, Bolsonaro se posta ao seu lado (passando a mensagem de apoio diante da visível expressão de descontentamento) e ouve o ex-Ministro “chorar” a sua saída do Ministério, alertando aos bolsonaristas de que corre risco de vida e de ser preso.

Para os seguidores desse movimento tudo não passa de uma trama conspiratória contra o presidente, e Weintraub é só mais uma vítima.

Os bolsonarista não conseguem ver que Weintraub é só uma bomba de fumaça que tenta afastar a atenção do caso Queiroz, pois as provas dos crimes cometidos pelo pior ministro da Educação da história do Brasil estão ali para qualquer um ver e ouvir.

Essa tática do governo Bolsonaro é exatamente a mesma utilizada por outros movimentos fascistas na história, como por exemplo na Itália de Mussolini e da Alemanha de Hitler.

Assim, novamente a história nos coloca num empasse, onde devemos aprender com os erros do passado para não cometer novamente no presente e futuro.

Adolf Hitler somente chegou no poder diante da ocorrência de inúmeros fatores, mas, ao meu ver, dois foram fundamentais: A crise de 1929, que lançou a Alemanha numa catástrofe econômica que levou ao desemprego e a fome; e a não criação de uma frente democrática entre os partidos de esquerda e centro (união que representaria a maioria do congresso e, portanto, impediria a Ascenção da aliança da direita e extrema-direita).

Olhando para o Brasil vemos a mesma cena, a Pandemia do Corona vírus criou uma instabilidade social e econômica tão grave quanto a crise de 1929, onde em muitos aspectos podemos dizer que são idênticos. Sem esse tipo de crise econômica e social, nenhuma ditadura floresce.

Porém, a união democrática é a única coisa que temos em mãos de imediato para impedir esse desejo bolsonarista por uma ditadura.

Da mesma forma que na Alemanha, a ausência de união no campo progressista e democrático está a indicar que não queremos aprender com os erros do passado.

Mais do que nunca a Esquerda, o Centro e até alguns partidos do espectro democrático da Centro-Direita, devem se unir sob uma única bandeira, a bandeira de defesa da democracia e da Constituição Federal. Essa união é necessária, pois sem ela não irá adiante o pedido de impeachment de Bolsonaro.

Se nos mantivermos desunidos, estamos fortalecendo o campo da extrema-direita e do campo antidemocrática. Por isso, e mais do que nunca, precisamos abrir mão de projetos pontuais para defender o único sistema que permite o diálogo pacífico, a DEMOCRACIA, sob pena de não termos aprendido com os erros do passado e tropicarmos na mesma pedra novamente.

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Jean Carlos Carlesso é Advogado, de São Miguel do Oeste/SC. Formado em direito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC – e especialista em direito penal e processo penal pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus.

 

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