Diálogo exclusivo com o jornalista uruguaio Víctor Hugo Morales.
Em Página 12.com.ar
Tradução: Redação do Portal Desacato.
A líder Tupac Amaru conversou com AM750 em seu aniversário de 59 anos, disse que não desistiria e lembrou do filho como um militante que a incentivava sempre que a vida a golpeava.
A líder do Tupac Amaru, Milagro Sala, lembrou seu filho, Sergio Chorolque, que morreu semanas atrás de insuficiência cardíaca. Em seu aniversário de 59 anos, a líder social, presa política há mais de sete anos, afirmou que nunca desistirá de lutar. “O que for preciso”, disse ele a Víctor Hugo Morales em diálogo com o AM750.
Sala completou 59 anos nesta segunda-feira, 20 de fevereiro. O líder de Tupac Amaru continua em prisão domiciliar, em meio à perseguição do governo de Gerardo Morales, que, após a decisão do Supremo Tribunal de Justiça em dezembro passado, pede que o líder seja transferido para uma prisão comum em Jujuy.
“Para mim é um dia muito especial, é o meu primeiro aniversário sem o meu filho, estou a ter dificuldade em levantar-me agora”, afirmou num breve diálogo com a AM750, em que insistiu que não desistiria a luta, custe o que custar”.
Além disso, ele lembrou que seu filho foi um “militante de longa data”. “Ele sempre militou comigo, toda vez que me via espancado me incentivava, não vou desistir por ele”, enfatizou o líder social.
“Aprendi a lutar. Muitas coisas me custaram, continuar enfrentando, continuar resistindo. Como eu disse ao meu filho, prometo que você nunca vai me ver de cabeça baixa. Vou chorar tudo o que tenho para chorar, mas não vou desistir. Não vão me ver falir”, concluiu.
A morte do filho de Milagro Sala
Sergio Esteban Chorolque Sala, um dos dois filhos de Milagro Sala —junto com Claudia Elizabeth Chorolque Sala—, morreu na segunda-feira, 24 de janeiro, aos 37 anos. Seu corpo foi encontrado em sua casa, localizada no bairro Cuyaya de San Salvador de Jujuy.
Segundo relatos de seu entorno, a saúde de Sérgio estava “bastante deteriorada” devido a um quadro de diabetes. A autópsia determinou que ele sofreu uma “morte cardíaca súbita”.
Quem foi Sérgio Chorolque
Sergio Chorolque Sala se definiu em suas redes sociais como um “militante kirchnerista peronista e da organização Barrial Tupac Amaru”.
Em 2017, a Justiça de Jujuy o indiciou por lavagem de dinheiro contra sua mãe, sob a acusação de “ocultação agravada por apreensão e aproveitamento de bens de origem ilícita”. Nesse arquivo foi apurado que Chorolque comprou sete carros entre 2011 e 2015, todos à vista.
Nos últimos anos, ele participou de protestos para exigir a libertação de Milagro Sala, detido desde 16 de janeiro de 2016, quase todo esse tempo em prisão preventiva sem condenação.
Após longos trâmites, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) impôs ao Estado argentino que aliviasse seu calvário por motivos humanitários e de saúde, exigindo que a Argentina lhe concedesse o regime de prisão domiciliar preventiva.
Pedem a transferência de Milagro Sala para Buenos Aires
Um grupo de profissionais que compõem o conselho médico do Judiciário de Jujuy visitou há poucos dias a líder social para avaliar seu estado de saúde e uma possível transferência para um centro de saúde de alta complexidade na cidade de Buenos Aires.
No entanto, aqueles ao seu redor questionaram se a transferência ocorreria, pelo menos imediatamente. “Falta um estudo, para os peritos informarem o juiz e para ele decidir, demora nada menos que 10 dias”, disse Luis Paz, defensor do líder do grupo Tupac Amaru, ao Página/12 há alguns dias. A avaliação médica do dirigente dessa organização social, ordenada pelo juiz de Execuções Penais da província, Emilio Carlos Cattan, foi realizada por médicos e psicólogos.
A medida foi realizada na casa de Sala, localizada no bairro Cuyaya da capital Jujuy, após o pedido feito semanas atrás por seu médico, Jorge Rachid, que ratificou seu pedido de transferência para um centro de saúde de alta complexidade na cidade de Buenos Aires para tratar a trombose venosa profunda que o dirigente sofre desde o final de junho de 2022.
Os advogados de defesa e os familiares e familiares de Sala aguardam o laudo do Departamento Médico do Poder Judiciário de Jujuy, que será fundamental para a decisão que o magistrado Cattan deverá adotar.