Marco Temporal

Foto: Reprodução/Instagram Jair Bolsonaro

Por Roberto Liebgott, para Desacato.info.

A retirada da pauta de julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do Recuso Extraordinário de Repercussão Geral, sobre demarcação de terras indígenas, não acalmou o presidente, ele quer mais – quer que todos falem dele o tempo todo, mesmo que o critiquem.

Aproveitando-se do julgamento e debate, no STF, sobre as fake news acerca de deputados mentirosos, que atacam a democracia e as eleições, o bolsonão encontrou-se com o vice-presidente do Telegram e depois proferiu discursos contra os ministros do STF – a exceção foram seus dois ministros cordeirinhos. E, de novo, aproveitou para atacar os direitos indígenas e defender a tese do marco temporal.

Desesperado, o bolsonão, sabe que vai perder as eleições e, ao invés de trabalhar – já que virou chacota pública por ser caracterizado pela maioria da população como preguiçoso – busca criar um ambiente de tumulto e afrontar as instituições públicas e as eleições.
O bolsonão, desde a sua posse, além de esbravejar e não trabalhar, investiu esforços na criação de um exército de milicianos através da liberalização das armas pesadas.

Segundo dados da imprensa, houve um aumento exponencial de brasileiros que acessaram armas de fogo de grosso calibre – nem refiro aqui o aumento em mais de um milhão de novos portes de armas de baixo calibre, como revólveres e pistolas, por exemplo. De acordo com o Portal UOL – 04 de junho de 2022 – o aumento foi 262% no governo do Bolsonaro. Em julho de 2019, haviam 167 mil pessoas armadas, agora são 605 mil com a permissão para portar e usar armas de grosso calibre. É importante ressaltar que o armamento pesado só pode ser autorizado pelo Exército.

O contingente de militares nas Forças Armadas é de 354 mil pessoas, ou seja, existe quase o dobro de milicianos fortemente armados por aí. E armados também estão os fazendeiros e seus pistoleiros, os madeireiros e seus serviçais, os garimpeiros e seus soldados do garimpo, que estupram e matam indígenas.

Basta sabermos, diante deste quadro tenebroso, se o acovardamento das instituições públicas e da sociedade consciente é a melhor alternativa para assegurar a democracia. Pelo que se viu, retirar da pauta do STF o julgamento sobre a tese do marco temporal não acalmou o bolsonão, nem o acalmará. Há de se ter firmeza, convicção e luta contra um ambiente de governo no qual o crime prevalece sobre os direitos constitucionais e a vida.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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