Marco Aurélio surpreende, critica decisão de Fachin e chama Moro de “herói nacional”

Em 2019, o ministro do STF havia afirmado que a "máscara" de Moro havia caído

Marco Aurélio durante sessão do STF. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Por Lucas Rocha.

Depois de fazer diversas críticas ao ex-juiz Sergio Moro nos últimos anos, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu defender o ex-magistrado nesta quinta-feira (11) diante da anulação de todas as condenações do ex-presidente Lula. A anulação foi determinada pelo ministro Edson Fachin, na segunda-feira (8).

“Tivemos o início do julgamento na Turma sobre a suspeição do juiz Sergio Moro. Não cabe desqualificar aquele que foi tido como herói nacional. Aquele que inaugurou a responsabilidade de poderosos no campo penal e que prestou um grande serviço à pátria. O mocinho, o herói [Sergio Moro], não pode se transformar, da noite para o dia, em bandido”, disse o ministro ao jornalista Guilherme Mazieiro, do Uol.

A postura reforça uma declaração dada por ele na terça-feira, quando disse que “não podemos, a esta altura da vida judiciante, execrar o juiz Sergio Moro. Ele tem uma folha de serviços prestados ao país”.

No entanto, essa posição contraria um histórico de críticas de Marco Aurélio ao ex-magistrado. “Ele não é o único juiz do país e deve atuar como todo juiz. Agora, houve essa divulgação por terceiros de sigilo telefônico. Isso é crime, está na lei. Ele simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado e foi objeto, inclusive, de reportagem no exterior. Não se avança culturalmente, atropelando a ordem jurídica, principalmente a constitucional”, disse Marco Aurelio, em 2016, sobre o “herói nacional”.

Em 2019, quando foi revelado o conteúdo da Vaza Jato, o ministro criticou a proximidade do julgador com o Ministério Público. Na ocasião, o ministro, que já havia dito que Moro não é “vocacionado” à magistratura, disse que “a máscara caiu” com a divulgação dos diálogos entre o ex-juiz e procuradores e afirmava torcer para que o então ministro de Bolsonaro não ocupasse sua cadeira no STF.

 

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