Por Ítalo Gimenes,
As centrais sindicais marcaram para o dia 24 de maio um grande ato em Brasília que pode reunir centenas de milhares e servir para preparar uma nova greve geral no país até derrubar as reformas de Temer e o seu governo. Mas para isso, os jovens e trabalhadores devem tomar nas mãos a convocatória desse ato através de comitês que reúnam centenas de trabalhadores em cada local de trabalho e exijam de suas direções sindicais e estudantis que utilizem seus recursos para levar milhares de ônibus até o ato em Brasília.
O objetivo de qualquer trabalhador e jovem no país que cruzaram seus braços, pararam as máquinas, os ônibus, os bancos e as escolas do país na greve geral do dia 28, era e continua sendo de derrotar as reformas de Temer. Com a força que demonstraram nesse dia, foram capazes de demonstrar que são capazes desse objetivo, assim como derrubar Temer, através de uma nova greve geral que pare o país enquanto os golpistas quiserem atacar os direitos dos trabalhadores.
Após esse histórico dia para a luta dos trabalhadores, as centrais decidiram convocar uma Marcha em Brasília, mas demonstram pouco afinco em tornar esse ato uma ação efetiva de combate às reformas e ao governo. Não podemos aceitar que seja assim!
A Força Sindical anunciou rapidamente que irá abandonar os trabalhadores nessa luta assim que conseguirem uma pequeníssima concessão nas reformas. A CUT e a CTB, ainda mais após o depoimento do Lula à Lava-Jato no dia de ontem, que basicamente tentou criar a imagem de que o ex-presidente é a maior vítima dessa operação e de todo o regime político, na realidade buscam fazer da luta contra as reformas e a Temer uma mera pressão parlamentar, que preserva a governabilidade, para então dar como solução ele mesmo, Lula em 2018.
No seu depoimento, Lula nem mesmo fez menção às reformas, se utilizando da repercussão da Lava-Jato para se alçar enquanto alternativa governável em 2018, perante a ilegitimidade profunda de Temer, para então nas próprias palavras de Lula “ter a legitimidade das urnas para aplicar a Reforma da Previdência”.
Não podemos nos enganar, os principais alvos desse regime político podre no país são os trabalhadores, através das reformas que significam ataques aos seus direitos e condições de trabalho. Por isso, para os trabalhadores tomarem nas suas mãos essa luta, de modo a impedir que as centrais sindicais desviem os objetivos da luta que são derrotar as reformas e Temer, é preciso que estes tomem nas próprias mãos a convocação cotidiana para a Marcha em Brasília, organizados em comitês em cada local de trabalho e estudo.
O que é preciso para que a Marcha de Brasília seja uma ação efetiva contra as reformas?
Em primeiro lugar é fundamental que o ato reúna, digamos, ao menos 100 mil trabalhadores e jovens, que seja um ato massivo, semelhante ao que foi o ato que ocupou o Congresso em Junho de 2013, com a qualidade de reunir não apenas jovens mas trabalhadores do país todo. Por isso, é necessário que exijamos da CUT, CTB e Força Sindical, que utilizem seus grandes recursos para que milhares de ônibus saiam de cada local de trabalho e estudo levando centenas e milhares à capital do país.
Além disso, é fundamental que a construção do ato em Brasília sirva de momento de preparação dos trabalhadores para uma nova greve geral no país que só se encerre quando derrotarmos as todas as reformas e revertemos os ataques já aprovados. Nesse sentido, em cada local de trabalho e estudo é preciso uma ferramenta de auto-organização dos setores em luta: comitês de mobilização que busquem reunir centenas de trabalhadores e de estudantes para debater nesse momento como levar o máximo possível de pessoas para esse ato em Brasília, exigindo das suas direções sindicais e estudantis que organizem quantos ônibus forem necessários para isso.
Sendo assim, a Marcha em Brasília pode servir para continuar uma grande luta contra as reformas, de modo que os trabalhadores demonstrem todo seu potencial para barrar os ataques, sendo essa ação parte de um plano de lutas recheado de ações combativas da classe junto aos estudantes que preparem uma nova greve geral até derrubar as reformas e Temer. Inclusive, a partir da nossa mobilização nos comitês, precisamos exigir que as centrais convoquem uma nova data para essa greve, para que os trabalhadores possam se preparam o quanto antes para que ela seja ainda mais estrondosa do que a do dia 28.
Com uma forte mobilização, uma greve geral que derrote as reformas, Temer deverá cair pela mão dos trabalhadores, de modo que estes possam tomar nas mãos não apenas essa luta, mas as decisões sobre os rumos do país, chamando eleições para deputados de uma nova Constituinte, que revogue todas as leis de Temer, debata como erradicar o desemprego reduzindo a jornada de trabalho sem redução de salário, discutir o não pagamento da dívida pública e o fim dos privilégios dos políticos, entre outras saídas de fundo a todos problemas nacionais.
Fonte: Esquerda Diário