Manifestantes jogam esterco em prefeitura de cidade italiana que vai homenagear Bolsonaro

Alan Santos/PR
Chegada de presidente brasileiro à Itália, para participar da cúpula do G20, foi marcada por protestos

Manifestantes da organização ambientalista “Rise Up 4 Climate Justice” jogaram esterco na prefeitura da cidade italiana de Anguillara Veneta nesta sexta-feira (29/10), em protesto contra a concessão do título de cidadão honorário a Jair Bolsonaro, que vai receber a homenagem na segunda-feira (01/11).

A fachada do edifício também foi pichada com a frase “Fora Bolsonaro” e manchada com tintas coloridas .Para o grupo, o presidente brasileiro “representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”. Os manifestantes também afirmam, por meio das redes sociais, que “quem destrói o planeta não é bem-vindo, nem aqui nem em outro lugar”.

A proposta de oferecer o título a Bolsonaro foi da prefeita Alessandra Buoso, ligada ao partido de ultradireita Liga Norte, com a justificativa de estreitar laços com a nação brasileira e após saber que o bisavô do mandatário nasceu e viveu até os 10 anos no município italiano, até emigrar ao Brasil. A Câmara Municipal aprovou a proposição na última segunda-feira (25/10), quando também foram registrados protestos na cidade.

A Diocese de Pádua também não vai receber o presidente, segundo informou Floriana Rizzetto, presidente da sessão de Padova da Associação Nacional dos Partisans da Itália (ANPI), à Folha de S.Paulo. Ela também disse que padres da igreja de Santo Antônio, e “alguns prefeitos democráticos” como o de Pádua, Sérgio Giordani, também não vão receber o mandatário brasileiro.

Em Pistoia, na Toscana, diversos partidos divulgaram nesta sexta uma carta aberta contra uma visita do mandatário marcada para 2 de novembro – a cidade abriga um monumento em homenagem aos soldados brasileiros caídos na luta contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.

“Bolsonaro não é bem-vindo, não merece ser recebido e saudado oficialmente pelas autoridades italianas, às quais pedimos que não lhe prestem nenhuma homenagem. Pedimos isso também em nome das 600 mil vítimas brasileiras da covid, provocadas inclusive por sua política sanitária discriminatória”, afirma a carta.

O documento é assinado pelos diretórios municipais do Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda na Itália, do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), dono da maior bancada no Parlamento, e das legendas Artigo 1º, Partido Comunista Italiano (PCI), Possível, Esquerda Italiana, Esquerda Cívica Ecologista, Refundação Comunista, Progressistas a Caminho e Federação dos Verdes.

A carta ainda cita a Amazônia, a qual “Bolsonaro deixou queimar para favorecer os lobbies do setor agroalimentar, que apoiaram sua eleição”, e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.

“Estamos enojados pelo caráter ditatorial de seu governo, por sua postura por ocasião do assassinato de Marielle Franco, por sua postura em relação aos direitos da comunidade LGBT e por aquilo que foi feito para excluir Lula da corrida presidencial no Brasil”, concluem os partidos.

Bolsonaro mal chegou na Itália e já é alvo de protestos, embora conte com reforço na segurança e restrições a manifestações por causa da cúpula do G20 que acontece no final de semana e na qual ele irá participar. O presidente está acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e de seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro.

Em passeio turístico de quase duas horas, passando por alguns dos pontos mais visitados da capital italiana, ele não falou sobre a cúpula. Ao sair de uma casa de salame, no centro de Roma, o mandatário ainda foi vaiado.

(*) Com Ansa.

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