O drama se repete. Mais de 60 migrantes, a maioria procedente da África Subsaariana, morreram afogados em menos de 72 horas no litoral da Tunísia, quando tentavam cruzar o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa ilegalmente a bordo de embarcações precárias. Nesta segunda-feira (5), a Guarda Costeira tunisiana recuperou 21 corpos e resgatou 50 pessoas na costa de Sfax, após mais um naufrágio.
De acordo com Hucem Eddin Jebabli, porta-voz da Guarda Nacional da Tunísia, esses migrantes tentavam chegar à Europa quando o barco em que viajavam afundou no domingo (4). No sábado (3), 43 migrantes se afogaram e 84 foram resgatados na cidade de Zarzis, no sul da Tunísia. Eles tentavam cruzar o Mediterrâneo da Líbia para a Itália. Nos últimos dias, as autoridades da Tunísia conseguiram impedir dez operações desse tipo.
Os sobreviventes, com idades entre 3 e 40 anos, são “de diversas nacionalidades”, disse em nota o ministério da Defesa tunisiano, mencionando países como Bangladesh, Sudão, Eritreia, Egito e Chade. No total, desde o dia 26 de junho, quatro embarcações que saíram de Sfax naufragaram, segundo a mesma fonte.
Recorde desde 2011
Em 2020, as saídas da Tunísia para a costa europeia alcançaram um pico que não era visto desde 2011. A maioria daqueles que tentam migrar ilegalmente para a Europa é de estrangeiros. Eles representam 53% dos migrantes que chegaram à Itália vindos da Tunísia no primeiro trimestre de 2021, de acordo com um relatório da ONG Fórum Tunisiano pelos Direitos Econômicos e Sociais (FTDES).
As tentativas de viagem clandestina a partir da Líbia também aumentaram, com 11.000 partidas, entre janeiro e abril de 2021, 73% a mais do que no mesmo período do ano passado. A deterioração das condições de vida dos estrangeiros neste país da África é a principal razão, de acordo com a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Na madrugada desta segunda-feira, o navio de salvamento Ocean Viking, da ONG SOS Mediterrâneo, resgatou 369 novos migrantes a bordo, após seis operações de resgate realizadas em poucos dias. No grupo havia 9 mulheres, 3 bebês e 110 menores desacompanhados. Com mais esse resgate, a embarcação conta agora com 572 sobreviventes a bordo, informou a ONG em sua conta no Twitter.
A Tunísia, por sua vez, resgatou e amparou, desde o início do ano, mais de mil migrantes que saíram da Líbia e que naufragaram no litoral do país, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM, agência da ONU). As últimas estatísticas fornecidas pela entidade apontam que desde o início de 2021, pelo menos 866 migrantes morreram ou desapareceram ao tentar atravessarem o Mediterrâneo.
A ONU recentemente pediu à Líbia e à União Europeia (UE) que reformem suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo, alegando que suas práticas atuais privam os migrantes de seus direitos e dignidade, quando não perdem a vida.
(Com informações da AFP)