Mãe de morto na Maré: “A culpa é do Estado doente que mata crianças com roupa de escola”

Por Lucas Barreto.

Marcos Vinícius, garoto de 14 anos, foi morto em operação policial na comunidade da Maré, no estado do Rio de Janeiro, que está sob intervenção federal desde o início do ano. A operação na favela da Maré contava com policiais militares, civis e soldados do exército, que entraram na comunidade no horário que estudantes e professores se dirigiam para as escolas.

O garoto atingido era mais um estudante que estava a caminho da escola e ficou ilhado no tiroteio promovido pela operação policial, Marcos foi atingindo com um tiro nas costas e, ainda vivo, contou que lembrava ter sido atingido pelo blindado – conhecidos como caveirão da morte por moradores das comunidades do Rio de Janeiro, utilizados pela PMRJ – lembra sua mãe, que viu o filho morrer em meio ao caos da operação policial na Maré.

Mãe de Marcos Vinícius ainda que conta que essa forma violenta de entrar na comunidade da Maré é recorrente da polícia militar do Rio de Janeiro. “Dizem que minha comunidade é violenta. Mas a minha comunidade não é violenta, ela é muito boa. É a operação que, quando vai lá, vai com muita truculência” diz a mãe. Ela continuou: “A culpa é desse Estado doente que está matando as nossas crianças com roupa de escola. Estão segurando mochila e caderno, não é arma, não é faca. Não estão roubando e nem se prostituindo, estão estudando!”

O Rio de Janeiro sofre uma intervenção federal do exército brasileiro desde o início do ano, imposta pelo presidente golpista Michel Temer, após a derrota da tentativa de aprovação da reforma da previdência. Temer coloca o exército em um dos estados que a polícia mais mata pobres e negros, com a desculpa de garantir a segurança e ordem do Rio de Janeiro. Desde então o Rio contínua sofrendo com a violência polícial e todos os dias saem notícias dos jovens, negros e pobres da periferia que são assassinados em operações policiais, assim como ocorreu com Marcos Vinícius.

Marcelo Crivella , prefeito do Rio de Janeiro, concedeu o palácio do governo, em Botafogo, para velar o corpo de Marcos Vinícius e com cinismo alegou na entrevista que aquele não era o momento de procurar culpados e sim de prestar solidariedade. O prefeito sabe quais são os culpados, sabe que a culpa desses assassinatos nas comunidades é do estado e da prefeitura do Rio de Janeiro.

A Polícia Civil afirma em nota que irá apurar o caso, mas já diz de antemão que helicópteros não atiraram em alvos no chão da Maré. Claramente já isentando a polícia militar, a civil e o exército dos últimos assassinatos ocorridos na Maré.

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