O ex-ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, conseguiu em primeiro momento derrubar o premiê Giuseppe Conte, mas terminou vendo seu ex-aliado voltar ao poder nesta quarta-feira (28) com uma aliança inédita do Movimento 5 Estrelas (MS5), anti-establishment, com o Partido Democrático, de centro-esquerda, do ex-premiê Matteo Renzi. O partido de Salvini, a Liga Norte (LN), de extrema-direita, agora é oposição na Itália.
A crise entre a Liga e a o MS5 teve seu ápice no dia 8 de agosto, quando Salvini, aliado de Bolsonaro, apresentou moção de desconfiança – o impeachment em sistemas parlamentaristas – contra Conte com o objetivo de realizar novas eleições, demonstrando que aquela aliança tinha chegado ao fim. O premiê, então, anunciou sua renúncia no último dia 20, dando prazo de 5 dias úteis para que fosse formado novo governo pelo Parlamento.
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O PD e o MS5 fecharam acordo nesta quarta-feira, o último dia previsto, garantindo a continuidade de Conte e impondo uma derrota que não fazia parte do cálculo político inicialmente feito por Salvini. Vendo a aproximação entre os dois partidos, a Liga até tentou se reaproximar do MS5, mas com a condição de tirar o atual premiê.
O principal objetivo do líder da extrema-direita em derrubar o ex-aliado era o de forçar novas eleições parlamentares e aumentar a bancada da Liga Norte, garantindo uma maioria que lhe possibilitasse assumir como primeiro-ministro.
Nas eleições para o Parlamento Europeu, em julho, colocaram a Liga como a maior força política da Itália, superando o MS5. Comparando a votação dos dois partidos no pleito de eurodeputados com a do Parlamento Nacional, de 2018, a LN saltou de 17% para 34%, enquanto o Movimento 5 estrelas minguou de 33% para 17%.