Let’s go, Fifa! E Blatter se foi

BlatterPor Bruno Winckler.

Quatro dias depois de gritar com um sorriso amarelado “Let’s go, Fifa! Let’s go, Fifa!” ao ser reeleito para seu quinto mandato, Joseph Blatter renunciou à presidência da entidade que dirige desde 1998. Ele se vai com uma reputação em frangalhos, mas fica no cargo até que um congresso extraordinário seja convocado para nova eleição de um sucessor. O 2 de junho de 2015 é histórico, ainda que o futuro da Fifa sem os dirigentes que saquearam o futebol mundial seja uma incógnita.

Blatter sucumbiu à pressão de deixar o cargo depois de seu braço direito, Jerome Valcke, ser alvo das investigações lideradas pelo FBI, a polícia federal americana, que já levaram sete membros do membro executivo da Fifa para a prisão (entre eles José Maria Marin). Valcke, secretário-geral da Fifa, teria intermediado propinas para Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, no valor de US$ 10 milhões para que a África do Sul fosse eleita sede da Copa do Mundo de 2010.

De surpresa, quando a maioria dos jornalistas deslocados por suas redações para cobrir as eleições da última sexta-feira já tinham ido embora de Zurique, Blatter fez um pronunciamento de uma página. Nem um sorriso amarelo ele conseguiu disfarçar desta vez. “Não sinto que este meu mandato tenha o respaldo de todo o mundo do futebol, torcedores, jogadores, clubes”, disse. “Assim, decidi me afastar do mandato em um congresso eletivo extraordinário. Até lá, sigo exercendo minhas funções como presidente da Fifa”. (veja, em inglês, o pronunciamento de Blatter desta terça-feira).

Pelas regras da Fifa, um congresso extraordinário precisa ser marcado com antecedência mínima de quatro meses. Jornalistas que conhecem o funcionamento da entidade avaliam que ele aconteça entre novembro e março. Blatter, pelo seu discurso, torce para que ele aconteça bem antes. Com os tentáculos da investigação chegando cada vez mais alto, o dirigente (ou ex) mais poderoso do mundo não está imune.

Michel Platini, presidente da Uefa, havia sugerido a Blatter há uma semana a não concorrer às eleições contra o Príncipe Ali, da Jordânia, na última sexta-feira. Nesta terça, disse apenas que a decisão do suíço foi “difícil e valente, mas a correta”. Ali já anunciou que concorrerá às eleições novamente. Luís Figo, ex-jogador que desistiu da candidatura antes do último pleito, usou sua conta no Facebook para comemorar e projetar um futuro melhor para a entidade.

“Um dia bom para a Fifa e para o futebol. A mudança está finalmente a chegar. Como disse na minha declaração de sexta-feira: o dia podia tardar, mas chegaria. Ele aí está! Devemos agora, de forma responsável e serena, procurar uma solução consensual em todo o mundo para que comece uma nova era de dinamismo, transparência e democracia na Fifa”, escreveu.

Michael van Praag, presidente da federação da Holanda, também havia desistido para apoiar Ali. Agora, disse que vai entrar em consenso com a Uefa para decidir que rumo tomar. As casas de apostas da Inglaterra não perderam tempo e por lá Platini é o mais cotado para ser o sucessor de Blatter.

Por enquanto, o que dá para se celebrar é o afastamento de um Blatter acuado. Resta aos torcedores, jogadores e clubes que, segundo o dirigente, não o apoiam, tomar novo caminho. Há um fio de esperança.

Fonte: Carta Capital.

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