José Roberto Guzzo é afastado da Veja

A revista se negou a publicar artigo em que criticava ministros do STF e fazia ‘ameaças veladas’ sobre resultado da votação de prisão após segunda instância.

Foto: Reprodução da internet

O jornalista José Roberto Guzzo, contumaz defensor de Jair Bolsonaro, foi afastado da revista Veja. A revista se negou a publicar artigo em que criticava ministros do STF e fazia ‘ameaças veladas’ sobre resultado da votação de prisão após segunda instância. O articulista celebrou assim o seu afastamento após 51 anos de colaboração, sendo colunista desde 2008.

Em sua carta de despedida, Guzzo afirmou que, como a Veja se recusou a publicar sua coluna com as críticas, ‘exerceu o seu direito de não levar a público algo que não quer ver impresso em suas páginas. A partir daí, em todo caso, o prosseguimento da colaboração ficou inviável’.

Leia a íntegra de sua carta de despedida.

“Caros amigos

Desde ontem, 15/10/19, não sou mais colaborador da revista “Veja”, na qual entrei em 1968, quando da sua fundação, e onde mantinha uma coluna quinzenal desde fevereiro de 2008. A primeira foi publicada na edição de 13/02/2008. A partir daí a coluna não deixou de sair em nenhuma das quinzenas para as quais estava programada.

Na última edição, com data de 16/10/19, a revista decidiu não publicar a coluna que eu havia escrito. O artigo era sobre o STF, e sustentava, como ponto central, que só o calendário poderia melhorar a qualidade do tribunal — já que, com a passagem do tempo, cada um dos 11 ministros completaria os 75 anos de idade e teria de ir para casa. Supondo-se que será impossível nomear ministros piores que os destinados a sair nos próximos três ou quatro anos, a coluna chegava à conclusão que o STF tende a melhorar.

A liberdade de imprensa tem duas mãos. Em uma delas, qualquer cidadão é livre para escrever o que quiser. Na outra, nenhum veículo tem a obrigação de publicar o que não quer. Ao recusar a publicação da coluna mencionada acima, “Veja” exerceu o seu direito de não levar a público algo que não quer ver impresso em suas páginas. A partir daí, em todo caso, o prosseguimento da colaboração ficou inviável.

Ouvimos, desde crianças, que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Espero que esta coluna tenha sido um bem que não durou, e não um mal que enfim acabou. Muito obrigado.”

“Quarenta”. Pra manter a memória coletiva, venha conosco nesta empreitada necessária para conhecer o que foi e o que significa até hoje a Novembrada no começo do fim da ditadura militar. Colabore em https://www.catarse.me/quarenta

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.