Jornalismo digital: Tendências para 2013, algumas apostas

Por Cleyton Carlos Torres.

Todo final de ano, centenas de milhares de listas com as maiores tendências para os 12 meses seguintes sobre um determinado segmento começam a se avolumar de uma maneira consideravelmente rápida e contraditória. Tais listas não representam de maneira fiel o que virá a seguir, mas são estruturadas em apostas de profissionais e baseadas, algumas delas, em profundos estudos de mercado.

No campo da comunicação, as listas mais comuns são relacionadas ao marketing ou à comunicação digital em geral. Pouco se fala em jornalismo digital fora dos veículos especializados ou setores acadêmicos referências em estudos sobre o tema. Aqui, logo abaixo, segue mais uma dessas tantas listas, com alguns palpites sobre o que podemos ver durante o decorrer de 2013 no jornalismo digital.

O Brasil é referência mundial no consumo de smartphones e tablets, mas ainda deficiente em mobilidade de conteúdo. Em 2013, os grandes veículos internacionais irão apostar de uma maneira colossal no formato móvel e instantâneo da notícia. A integração com as redes sociais fará com que essa aposta seja acelerada, ganhando gás e se estruturando quase por imposição do mercado: “ou é móvel ou não te consumirei”. Os aplicativos serão os grandes responsáveis pelo sufocamento da notícia de web e da ascensão da notícia de aplicativos.

Profissionalização e precarização dos blogs

O social, neste caso, não se refere às redes sociais, mas sim, ao fato da participação efetiva de alguns setores que passarão a ter uma influência ainda maior na produção da notícia. O jornalismo como um todo tende a ser mais humano, ainda mais voltado para o leitor, oferecendo singularidade, particularidade, customização e se integrando de uma forma ainda mais concreta com a sociedade.

Programação, empreendedorismo, administração, design, branding e gestão irão se firmar como as novas disciplinas do jornalismo digital. As novas facetas do jornalista o obrigam a percorrer de forma transversal e quase sem limites por áreas que muitos ainda insistem em dizer que não pertencem aos profissionais da notícia. A discussão sobre o diploma deve esfriar e o profissional completo, robusto e versatile, terá mais visibilidade do que um diploma.

A explosão de blogs independentes com caráter profissional marcarão o chamado jornalismo independente. Quem não quer ter sua imagem vinculada com algum veículo já firmado ou tem um ponto de vista próprio para apresentar irá investir e apostar de maneira mais estruturada em suas mídias. Porém haverá uma inundação de blogs parasitas e com conteúdo tão precário que irão obrigar que os blogueiros profissionais, independentes ou da grande mídia, assim como os leitores, redobrem a atenção naquilo que é consumido como informação noticiosa.

Dados, dados e dados

O tão aclamado jornalismo cidadão ou jornalismo participativo continuará ganhando modelos e moldes mais estruturados. O surgimento e o reconhecimento de mídias fora dos grandes conglomerados facilitarão com que os usuários acabem por complementarem um canal de notícias, porém com um peso maior e influente e não apenas em um setor restrito e apagado como uma simples seção de comentários. O leitor irá, sim, participar da construção da notícia.

A integração com as redes sociais, aplicativos, marketing, leitores, segunda tela, TV digital, smart TV e mais uma séria de outros fatores deixarão o jornalismo digital com uma cara que vai além de jornalismo. Quase não perceberemos o que é jornalismo e o que não é. Ele estará presente e tão presente na forma de bits e bytes que o infoentretenimento ganhará uma maturidade considerável.

Impressos do mundo todo continuarão a perder espaço até serem encerrados. O custo para manter publicações impressas poderá e será, em alguns casos, revertido na qualidade das notícias e na formação do profissional. Demissões irão continuar, canais independentes irão nascer ou se reafirmar e o jornalismo ainda não se sentirá confortável com os modelos de negócios existentes. Mais e mais veículos começarão a cobrar pelo conteúdo e 2013 será marcado, de vez, pela proximidade do termo “bom conteúdo” com “conteúdo restrito”. Ou seja: conteúdo bom é conteúdo pago.

Em sociedades mais desenvolvidas o jornalismo de dados irá oferecer um serviço ainda mais completo ao cidadão, reafirmando que a tecnologia de informação faz parte do jornalismo digital. Em países mais carentes, como o Brasil, modelos internacionais serão copiados mais uma vez e sem surtir um impacto significativo, já que a densa concentração de veículos não os obriga a investirem em inovação e, com isso, em ousadia.

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[Cleyton Carlos Torres é jornalista, blogueiro e editor do Mídia8!. É pós-graduado em Assessoria de Imprensa, Gestão da Comunicação e Marketing e pós-graduado em Política e Sociedade no Brasil Contemporâneo]

Fonte: Observatório da Imprensa

Foto: http://cafecomnoticias.blogspot.com.br/2010/03/cafe-convidado-jornalismo-online-e-o.html

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