Homem ou mulher da terra, tradicional ou originário, não importa, era aquele ou aquela de vida tranquila e pacificada.
Não sofria de fome, porque plantava o que comia – batata, mandioca, frutas e cana, era o pouco de tudo que lhe servia.
Rico não ficou, muito menos acumulou, pois nada disso lhe interessava, viveu a paz tecendo seus próprios sonhos, dia após dia.
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Chapéu de palha, botina ou chinelo nos pés, camisa e calça remendadas, pitando um palheiro sob a sombra, a caricatura de um preguiçoso, foi a imagem vendida na literatura e na sociedade.
Mas isso não o abalou, permaneceu vivendo e amando o tempo, a terra e suas ofertas de pura beleza, tranquilidade e sabedoria.
Se eternizaria, não fossem os latifundiários, os escravistas e o malfadado “progresso”, que o afrontaram e toda sua saúde, cultura e modos de ser na natureza lhe tomaram.
O Jeca Tatu bem que tentou e recuou, correu, se escondeu, fugiu, mas o racista, “formado”, alimentado e armado, não se conformou e o perseguiu.
E ele desapareceu, ninguém jamais o viu, nem na mata, no serrado, no sertão ou litoral, o Jeca foi matado pelo “homem civilizado”.
Porto Alegre (RS), 11 de fevereiro de 2024.