Autoridades prisionais de Israel estão atuando “medidas disciplinares” para tentar conter o protesto de cerca de 1.500 prisioneiros palestinos, que iniciaram uma greve de fome nesta segunda-feira (17/04) contra as condições nas prisões israelenses.
Tais medidas incluem o confisco de roupas e objetos pessoais dos detentos, a transferência para outras instalações prisionais e confinamento em cela solitária, segundo o Serviço Prisional de Israel anunciou nesta terça-feira (18/04).
As autoridades também estabeleceram um hospital de campo no deserto de Naqab para evitar que os presos sejam levados a hospitais civis de Israel, que até hoje se recusaram a realizar procedimentos de alimentação forçada em prisioneiros palestinos em greve de fome, segundo o site Al Jazeera.
Cerca de 1.500 de prisioneiros palestinos em instalações israelenses começaram uma greve de fome nesta segunda-feira, 17 de abril, quando é comemorado o “Dia do Prisioneiro”, em solidariedade a palestinos confinados em prisões de Israel.
A greve foi convocada por Marwan Barguti, que é um dos líderes do partido nacionalista Fatah e cumpre cinco penas de prisão perpétua por ataques durante a última Intifada. Em artigo publicado neste domingo (16/04) no jornal norte-americano The New York Times, Barguti afirmou que “prisioneiros palestinos sofrem tortura, tratamento desumano e degradante e negligência médica”. “Apesar de tal tratamento, não nos renderemos”, escreveu.
Barguti é um dos prisioneiros que foram transferidos e colocados em celas solitárias, assim como Karim Younis e Mahmoud Abu Srour, outros líderes do movimento, informou o Comitê Palestino para Prisioneiros de Israel.
Em comunicado, o Serviço Prisional de Israel confirmou as “medidas disciplinares” e disse que “não negocia com prisioneiros”.
O ministro de Segurança Interna de Israel, Gilad Erdan, afirmou nesta terça-feira (18/04) que os presos palestinos “são terroristas e assassinos encarcerados que estão tendo o que merecem”. “Não temos motivo nenhum para negociar com eles”, disse Erdan à imprensa israelense.
As demandas dos presos palestinos incluem o restabelecimento de visitas familiares regulares, a permissão da entrada de livros e jornais nas prisões e o fim da negligência médica, do isolamento dos detentos e das detenções administrativas – que permite o encarceramento de uma pessoa sem ser levada a julgamento por períodos prorrogáveis de seis meses, em muitos casos sem sequer saber de que é acusada.
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O ex-preso, jornalista Mussaab Bashir, explica os motivos da greve
Fonte: Opera Mundi.