Israel, cúmplice direto do genocídio na Guatemala

guatemala-genocidioPor Isabel Soto Mayedo.

Um artigo publicado pelo portal digital “Intifada Eletrônica” remexeu novamente no vespeiro em torno do antigo segredo, exclamado há muito tempo e por muitas vozes pelos próprios artífices dos crimes que resultaram na morte e desaparecimento de 250 mil pessoas neste país da América Central entre 1960-1996.

“Desde os anos 80 até os dias atuais, o extenso papel militar de Israel na Guatemala continua a ser um segredo ‘sem sigilo’ e bem documentado, mas recebe poucas críticas”, diz o site digital.

E, embora reconhecendo que a cooperação militar remonta à década de 1960, explicita que na época de Ríos Montt, Israel já era o principal fornecedor de armas, treinamento militar, tecnologia de vigilância e outros tipos de assistência vital na guerra do Estado contra a esquerda urbana e índios maias rurais.

Tel Aviv forneceu armas e treinamento militar para o Exército da Guatemala, sobretudo a partir do governo do ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) que reduziu o apoio dos EUA a esses governos, mediante alegações constantes de violação aos direitos humanos, diz ele.

Mencionou que, em 1981, foi fundada uma escola, projetada e financiada por Israel, para treinar militares guatemaltecos no uso de tecnologias de contra insurgência e, em seu primeiro ano, a polícia secreta, ou G-2, localizou e invadiu cerca de 30 casas da Organização Revolucionária do povo em Armas (ORPA).

O G-2 coordenou a tortura, o desaparecimento e o assassinato dos opositores aos governos da Guatemala, país que sofreu com muitos golpes de estados e eleições duvidosas durante os anos 80, enquanto Israel manteve-se sempre a principal fonte de armas e aconselhamento militar da Guatemala, assinalou.

Recordou também que, após o golpe militar que o levou ao poder em 1982, Ríos Montt comentara a um repórter da ABC News que tal golpe teria sido fácil  “porque muitos de nossos soldados foram treinados por militares israelenses.”

Enquanto isso, a imprensa israelense informou que 300 assessores israelenses estavam em solo guatemalteco treinando soldados do ex-general e citou o conselheiro no território, o tenente-coronel Amatzia Shuali.

Quase em paralelo, o ex-ministro da Economia de Israel, Yaakov Meridor, disse que ocupariam o vácuo deixado pelos Estados Unidos em países onde os EUA não queriam vender armas abertamente.

“Vamos dizer aos estadunidenses: Não concorram conosco em Taiwan; nem na África do Sul; no Caribe ou em outros lugares, onde não podem vender armas diretamente. Vamos fazer isso … Israel será o seu intermediário “, disse.

O portal Intifada Eletrônica refere-se ao comentarista Dan Rather, que em 1963, em seu programa da CBS Evening News (notícias da noite) afirmou que as armas e métodos vendidos por Israel para a Guatemala haviam sido testados contra os palestinos na Cisjordânia e em Gaza.

Disse, por sua vez que, que segundo o jornalista George Black, a admiração da direita e dos círculos militares guatemaltecos aos israelenses era tal que chagaram a falar, durante aqueles anos, da suposta palestinização dos rebeldes índios mayas da nação guatemalteca.

O site lembra que em janeiro 2016 foram detidos 18 oficiais militares guatemaltecos reformados, por suposto envolvimento em crimes contra a humanidade durante a guerra e que um mês depois, dois ex-soldados foram condenados em um caso sem precedentes de escravidão sexual neste âmbito.

Por outro lado, alude à condenação por genocídio contra Ríos Montt em 2013, apesar de sua anulação pouco depois pela Corte Constitucional, estabelecendo um precedente global de condenação à violência intensa e descontrolada por parte do Estado contra os povos indígenas mayas na Guatemala.

Ao mesmo tempo em que destaca em separado o processo aberto em novembro contra o ex-general, pelo massacre na aldeia de Las Dos Erres (1982), em Petén (ao Norte), onde soldados treinados por Israel queimaram até o solo, após golpear com martelos as cabeças da população, antes de fuzilá-la.

Investigadores da Comissão da Verdade da ONU, em 1999, ratificaram que ‘toda a evidência balística recuperada correspondia a fragmentos de bala de armas de fogo, inclusive fuzis Galil, de fabricação israelense.

Fonte: Prensa Latina, Tradução de Maria Helena D’Eugênio para o Resistência

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