Pelo visto, o conflito armado deflagrado com a incursão de forças russas em território da Ucrânia deve se estender ao longo do tempo.
Mas, como explicar isto sabendo que as consequências desta guerra estão sendo catastróficas para o povo ucraniano, para o povo russo e para todos os povos europeus?
Se não se chega a um acordo no sentido de possibilitar o cessar das hostilidades bélicas, é preciso indagar o que está por trás das mesmas, visto que nenhum dos povos da região onde se desenrola o confronto parece estar sendo beneficiado por ele. Muito pelo contrário.
A primeira dúvida surge a partir da análise da situação existente antes do início dos choques armados. Se tudo poderia ter sido evitado com a simples concordância do governo da Ucrânia de não se somar à aliança guerreirista da OTAN em sua estratégia de cercar a Rússia, por que os dirigentes ucranianos se recusaram a tomar tal decisão?
Em segundo lugar, cabe-nos perguntar quais as razões que levam o governo da Ucrânia e seu presidente a, um dia, dar indicações de concordância com alguma das propostas russas para uma solução negociada dos problemas, para, no dia seguinte, fazer declarações em sentido completamente oposto?
Logicamente, esta constatação é um claro indício de que existem forças interessadas em que a situação de guerra perdure por um bom tempo. Que forças poderiam ser essas? É o que este curto vídeo do link indicado ao final vai tratar de esclarecer.
Podemos adiantar que boa parte do problema está relacionada com um velho desejo dos Estados Unidos de impedir que a Rússia (antes, a União Soviética) desenvolva laços de relacionamento normal com seus vizinhos europeus.
Neste sentido, há muito tempo, os coordenadores da política estadunidense identificaram no fornecimento de hidrocarburantes russos aos países da Europa um dos principais entraves para que os Estados Unidos pudessem manter a totalidade da Europa sob sua inteira submissão.
Por isso, os planos para impedir que a Rússia atue como fornecedora de energia para a Europa e que seja substituída nessa função pelos Estados Unidos já vêm de longa data. A eclosão do atual conflito na Ucrânia é tão somente uma nova oportunidade surgida para que os Estados Unidos ponham em ação sua antiga pretensão de permanecer como a única potência em condições de exercer influência determinante sobre os países europeus.
Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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