As pautas das mulheres no cinema têm conquistado cada vez mais espaço na mídia. Filmes e séries com viés feminista, com direção e roteiro assinados por mulheres, vêm sendo valorizadas pelo público, ganhando prêmios e por consequência incentivando novas produções e chamando a atenção para a importância da representatividade no audiovisual.
Para continuar estimulando o cinema feito por mulheres, reuni algumas iniciativas para quem quiser se aproximar da pluralidade desse cinema, trazendo um olhar mais consciente e crítico sobre a representação feminina nos filmes e séries.
Ok, por onde começar?
Dê preferência por filmes ou séries dirigidas, produzidas, escritas por mulheres ou que tenham personagens femininas interessantes para além dos estereótipos. Abra espaço para cineastas e personagens negras, lésbicas, bissexuais, não-binárias, fora da América do Norte ou do Oeste Europeu. Para quem curte um desafio, estas duas propostas podem ajudar:
- #52filmsbywomen se trata de uma ação muito simples: assistir durante um ano, pelo menos uma vez por semana, um filme que seja dirigido por mulher. Aproveite para sair da bolha, inclusive da hollywoodiana, e conhecer outras histórias, países e culturas.
- O desafio A Year With Women, criado em 2015 pela americana Marya E. Gates, propõe assistir durante um ano apenas filmes que sejam dirigidos, co-dirigidos, escritos ou co-escritos por mulheres. Parece radical mas não vai doer nada. Seu ano pode começar agora em junho mesmo e terminar em junho do ano seguinte.
Quais escolher?
- A internet tá cheia de listas must-watch. Estas são algumas que eu adoro: – 100 melhores filmes dirigidos por mulheres no século XXI (Delirium Nerd) – 100 filmes dirigidos por mulheres que você provavelmente não viu (Mulher no Cinema) – Lista no Letterboxd para o desafio #52filmsbywomen (Cine Suffragette) – Filmes e séries na Netflix dirigidos ou protagonizados por mulheres (Mulher no Cinema) – Grandes performances femininas (Mubi) – 100 melhores filmes feministas de todos os tempos (Time Out)
- O The Rotten Apples avisa se o filme ou série está vinculada a alguma pessoa da equipe acusada de má conduta sexual. Maçãs frescas para o filme livre de acusações e maçãs podres para o que não. Se é possível separar a obra do artista ou se assediador na equipe é motivo para boicotar o filme, é você quem vai decidir.
- O Teste de Bechdel surgiu a partir de uma tirinha feita pela cartunista americana Alisson Bechdel chamada The Rule (1985), que propõe seguir a regra de só assistir a filmes que tenham ao menos duas personagens mulheres nomeadas, que conversem entre si sobre algo além de homens. Não acredito que o teste deva ser um medidor do que assistir ou não, mas sim uma ferramenta para se conscientizar sobre a representação das mulheres.
Quero mais!
Além das séries, filmes ficcionais e documentários, tem também muito conteúdo exclusivo produzido por mulheres que amplia a discussão sobre a presença feminina no audiovisual.
- Podcast Feito Por Elas. Realizado por críticas de cinema e acadêmicas, o podcast propõe discutir o cinema feito por mulheres. Nos episódios elas analisam obras de diretoras do mundo todo e entrevistam cineastas brasileiras. Recomendo os episódios sobre Chantal Akerman, Alice Guy, Maya Deren e Laís Bodansky.
- Podcast As Mathildas. Os episódios discutem a representação das mulheres no audiovisual. Tem episódio sobre pornografia, representatividade lésbica, bissexual e de mulheres negras e gordas e muitos outros assuntos interessantíssimos.
- Podcast Her Head in Films. Para quem se aventura a ouvir conteúdo em inglês, esse podcast é bem interessante. A Caitlin escolhe um filme e divide suas impressões pessoais e subjetivas durante os episódios. Vagabond, da Agnès Varda, é o meu preferido.
- Canal Hysteria. É um canal no YouTube feito todo por mulheres. Tem curtas-metragens, entrevistas, séries… uma infinidade de produção audiovisual nacional com viés feminista.
- Mulher no Cinema. O site que celebra o trabalho de mulheres na tela, faz listas com os lançamentos de filmes e séries dirigidas por elas, divulga notícias e entrevistas e publica críticas e pesquisas acerca do cinema protagonizado por mulheres.
- Valkirias. O site sobre cultura pop também tem a equipe toda feminina. Elas analisam, comentam e discutem música, cinema, tv, literatura e games a partir de uma perspectiva feminista.
- Cine Suffragette. Os textos publicados aqui no Medium mesmo, têm foco nos filmes sobre feminismo e feitos por mulheres, abordando também a representação das atrizes desde o cinema mudo até os últimos lançamentos. Meu texto sobre Alice Guy Blaché está publicado lá.
- Aqui na minha página já escrevi sobre os filmes A Hora da Estrela(1985), de Suzana Amaral e News From Home (1977), da Chantal Akerman e também sobre a série Las Chicas del Cable (2017 — ).
Tem mais dicas? Conhece outros conteúdos e plataformas que valorizem o trabalho feito por mulheres no audiovisual? Coloca aí nos comentários, vamos espalhar essas ideias e incentivar outras pessoas a consumir mais conteúdos.