Incoerências ‘feministas’

Ilustração: Jaine Fidler Rodrigues

Por Jaine Fidler Rodrigues, Desacato.info. 

Conhecemos o feminismo como um movimento que, principalmente, busca a igualdade entre homens e mulheres para desta maneira, mulheres estejam mais presentes em espaços políticos-sociais. Porém, existe uma parcela destas mulheres feministas que, hora ou outra, reproduzem comportamentos machistas, crenças, pensamentos e julgamentos.

Isto porque nós mulheres nascemos no Brasil e isso significa que todas crescemos com criações a partir de raízes patriarcais. Este fator é compreensível, no entanto, é necessário que se perceba e se tenha a consciência de que enquanto mulheres feministas, reproduzir tais comportamentos reflete tamanha incoerência.

O que vale defender uma causa em discursos e, na prática, ter atitudes machistas?

São as mesmas energias negativas, violentas e sujas alimentando ainda mais este sistema que tanto oprime, mata e manipula.

Por exemplo, hoje, pela manhã (2), na plataforma do Twitter e Facebook, visualizei algumas publicações referente a roupa que a deputada Rosângela Moro (União Brasil) usou em sua posse como deputada federal. O caráter das publicações são depreciativos, com tom de sarcasmo e ironia. Usuárias das plataformas, comparam a roupa da esposa de Sérgio Moro a uma capa de fogão e liquidificador.

Reprodução/Twitter

Este tipo de comparação já foi vista outras vezes. Neste caso, compreende-se que o julgamento carrega machismo e discrepância política-ideológica – também, muitas vezes, mulheres de mesmos grupos políticos se atacam mutuamente – mas, a questão é: tamanha incoerência. Inclusive, fundamental para compreender como é difícil abandonar estes padrões e transformar atitudes machistas no mínimo, mais humanas e coerentes.

Ok, algumas podem dizer, “Ah, mas ela vai ser dominada pelo seu marido, não vai ter sua autonomia”, ou então “E os erros de Sérgio Moro, ela foi conivente”. Ok, se foi ou não, o problema é dela. Ou o feminismo dá o direito de julgar? Julgar difere de ter a percepção.

Afinal, como ser feminista e, simultaneamente, independente de opção política-partidária, julgar outra mulher pela roupa que está usando? Isto é machismo. Isto é a crença de que mulheres devem se comparar uma com as outras, competir e até mesmo menosprezar para se sentir melhor. Mais inteligente, mais bonita ou mais correta politicamente.

Reprodução/Twitter

É válido considerar a necessidade de rever algumas condutas. Qual o feminismo que queremos? Pregar a união, defender todas às mulheres, mas, ao mesmo tempo, discriminar e julgar?

Neste contexto, também é fundamental considerar a responsabilidade de todas às mulheres de serem coerentes com seu papel, principalmente se estiverem em espaços políticos de poder. Ocupar espaços exige ética, verdade, senso crítico e consciência em suas ações para não se submeter à ordens machistas e ser conivente com atos corruptos. Isto é certo. Dialogar sobre este assunto a fundo, se torna caso de doutorado e mestrado.

Para ser possível compreender com mais clareza, todos os aspectos que envolvem o machismo hoje.

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