Por Mário Augusto Jakobskind.
Conforme se previa, alguns países decidiram não reconhecer a reeleição do presidente venezuelano Nicolás Maduro e seguindo a orientação do Departamento de Estado Norte-Americano vão chamar os seus embaixadores em Caracas. Entre os países que se alinham ao governo dos Estados Unidos encontra-se o Brasil, qual a moral e credibilidade internacional que tem o atual governo brasileiro, que tem no governo um presidente ilegítimo e golpista chamado Michel Temer, que há tempos já tinha chamado de volta o embaixador em Caracas.
Uma pergunta que não quer calar: qual a moral e credibilidade internacional que tem o atual governo brasileiro que tomou conta do país em 2016 por meio de um golpe parlamentar, midiático e judicial?
O script de Donald Trump já estava montado bem antes da realização do pleito que deu a vitória a Nicolás Maduro. Na verdade, o governo dos Estados Unidos não se conforma de não ter o controle do petróleo venezuelano. No Brasil, o jogo foi diferente com a ascensão de Michel Temer. Os áulicos que integram a base aliada de sustentação do lesa pátria Michel Temer conseguiram beneficiar as multinacionais do petróleo com a mudança do regime de partilha para o da concessão na exploração do pré-sal.
Dessa forma, a Petrobrás foi alijada da condição de ter a hegemonia no pré-sal. Não se constitui propriamente em nenhuma surpresa, exatamente pelo fato de Temer ter se tornado presidente para realizar o que está fazendo, ou seja, entregando de mão beijada o petróleo e demais riquezas nacionais a grupos estrangeiros.
Neste momento, de forma cínica, o governo ilegítimo do Brasil se posiciona contra a reeleição de Maduro, em uma demonstração de total subserviência aos interesses econômicos americanos. Na verdade, esse posicionamento é a confirmação absoluta a que veio o presidente Michel Temer. O grupo que assaltou o governo brasileiro não se conforma com a existência de governos que não se submetem aos interesses econômicos norte-americanos. Temer e seus hoje pouco seguidores internos querem de todas as formas demonstrar serviço e nesse sentido nada melhor do que se posicionar contra a reeleição de Maduro.
Para tanto é convocado o Ministro do Exterior, Aloysio Nunes Ferreira, para tornar públicas as notas do Itamaraty reafirmando o posicionamento de subserviência. Esse ministro, diga-se a bem da verdade, só ocupa o cargo em um governo como o de Michel Temer, porque em outras circunstâncias, ou seja, em uma democracia na verdadeira acepção da palavra, jamais seria ministro das Relações Exteriores. Lembrar tais fatos parece até óbvio, mas mesmo assim, é necessário fazê-lo para deixar ainda mais claro o motivo pelo qual o governo de Michel Temer se alinha contra a decisão tomada pelo povo da Venezuela.
Podem estar certos de uma coisa: os mesmos governos que se alinham aos EUA vão continuar a tentar desestabilizar o governo de Nicolás Maduro, porque se não o fizerem, poderão sofrer algum tipo de retaliação por parte de Donald Trump. E não se surpreendam que o tema Venezuela entrará no projeto midiático comercial de cobrança dos candidatos à Presidência da República nas eleições, em princípio, marcadas para 7 de outubro.
Em tempo, como também se previa, a mídia comercial silenciou sobre o documento do Departamento de Estado Norte-Americano mostrando a proximidade do empresário midiático Roberto Marinho com os golpistas de abril de 1964.
Edição: Jaqueline Deister