Hoje, 30 de julho, Casa de Arte Vila Sete Zero Cinco terá estreia online de performances teatrais

 

Foto: Rodolfo Lemos

Oito artistas que mantêm o espaço cultural irão apresentar material em audiovisual, mesclando teatro, performance e cinema

Por Camila Gonçalves.

A partir do tema ‘marcas’, oito artistas da Casa de Arte Vila Sete Zero Cinco pretendem refletir como corpos marcados ocupam o mesmo espaço, como dialogam e como a arquitetura do espaço dialoga com a construção dos seres que nele habitam. O material em vídeo com as performances criadas por cada um dos oito artistas será lançado em 30/07, às 20h, no Canal do YouTube Vila Sete Zero Cinco. Na ocasião, também será possível interagir com os atores/performers pelos comentários da transmissão. Depois da estreia, o vídeo “Marcas” ficará disponível para ser assistido no canal do YouTube por tempo indeterminado.

As performances foram realizadas em espaços da casa de arte Vila Sete Zero Cinco e foram gravadas em linguagem contínua, mostrando as performances em sequência. Para além da gravação, o objetivo do projeto é expandir a pesquisa na relação entre o teatro, a performance, o cinema e também a ocupação do espaço a partir da linguagem da performance. As cenas gravadas em sequência, da entrada para o fim da casa, acontecendo uma após a outra, criaram uma espécie de exposição viva online, que leva o público a pensar/viver como seria ter essa experiência de forma presencial. Também é desejo dos idealizadores, após a pandemia, poder realizar o trabalho no formato presencial.

Print: Marcas

A motivação para realizar as performances partiu dos próprios artistas que, há bastante tempo, desejam trabalhar juntos e dialogar com materiais e linguagens de seus trabalhos. “Há anos habitamos o espaço da Vila 705 juntos, cada um desenvolvendo trabalhos em linguagens diferentes ou diferentes formas de fazer a mesma linguagem. Sempre tivemos vontade de trabalhar juntos, mas, com a pandemia, isso se intensificou. Buscamos aqui explorar como nossos corpos marcados estão ocupando esse espaço, estão vivendo sendo artistas com suas marcas no Brasil de 2021”, comenta a atriz Mariana Feitosa.

O material performático que será apresentado pelos artistas partiu do conceito de “Marcas”, de Suely Rolnik, no texto “Pensamento, corpo e devir”. Desta forma, se versa sobre o corpo e o que ele se torna/é obrigado a se tornar a partir das marcas que o atravessam na vida. “Em outras palavras, o sujeito engendra-se no devir: não é ele quem conduz, mas sim as marcas. O que o sujeito pode, é deixar-se estranhar pelas marcas que se fazem em seu corpo, é tentar criar sentido que permita sua existencialização – e quanto mais consegue fazê-lo, provavelmente maior é o grau de potência com que a vida se afirma em sua existência”, diz Rolnik.

O projeto “Marcas: performances e espaço” é uma realização da Casa de Arte Vila Sete Zero Cinco e conta com patrocínio da Lei Emergencial Aldir Blanc, através da Fundação Cultural de Itajaí e Prefeitura de Itajaí.

Entrevista Pingue-Pongue com a atriz Mariana Feitosa

1)    Quando surgiu a ideia de realizar este projeto?

Eu conheci esse texto da Sueli Rolnik em uma oficina online que fiz com a atriz e diretora Janaína Leite, durante a pandemia em 2020, e ele me marcou profundamente. A ideia dos corpos que lidam com suas próprias marcas e como são obrigados a tornarem-se novas versões de si para seguir, para mim, diz muito sobre o fazer artístico. Em conversas aqui na Vila 705 nas mesas de café e falando de processos, começamos a trocar referências e essa apareceu. Na época a Karma Coletivo ensaiava o espetáculo “dentre”, que estreou mais cedo neste mês, e pesquisava a relação com o corpo e a arquitetura. O ator Marcelo de Souza também começava já a pesquisar a performance que apresenta no Marcas. Então as coisas foram se encaixando. Começamos a conversar sobre o texto, trocar experiências pessoais que nos marcaram e nasceu o projeto.

2)    Como foi o desenvolvimento do projeto?

O desenvolvimento foi muito tranquilo. Fizemos reuniões remotas para conversarmos sobre nosso ponto de partida e fazer algumas (poucas definições). Escolhemos por deixar o processo criativo de cada um muito aberto e delimitamos apenas quais seriam as áreas da casa que cada um trabalharia e qual era nosso tempo máximo para a cena. A partir daí cada um foi criar.

3)    A preparação dos oito artistas para a realização dos atos performáticos foi conjunta?

A criação do material em si foi individual e autoral de cada um, mas nós trocamos sobre nossas criações, dividimos ideias, conceitos, nos ajudamos. E, claro, inevitavelmente fomos contaminados uns pelo material/ pelas questões dos outros. Acho que esse trabalho é muito sobre isso: mostrar que corpos que coexistem em um mesmo espaço tem marcas individuais e que isso, inevitavelmente, vira também uma questão coletiva. Na minha cena, por exemplo, todo mundo foi muito contra eu usar as garrafas de álcool de verdade e o fogo, mas era um desejo, então fizemos com toda a segurança com o apoio de todos. Vocês vão ver (risos).

4)    Qual foi ou é o maior desafio de vocês para integrar teatro, performance e cinema?

Acho que existiu um desafio que é conceitual e de repertório nosso em dividir essas linguagens, entender o que é próprio de cada coisa e também o que mescla. Essa uma missão que acredito que não tenhamos dado conta, mas, que, sem dúvidas, abriu desejos de aprofundar trabalhos em performance e em cinema para nós “vileiros”. Fazer algo para o público, para a cena, e para a câmera é muito diferente e, sem dúvidas, foi um desafio.

5)    E o processo de gravação como aconteceu?

O processo de gravação se deu em um dia com horários marcados para cada um dos atores. Com o amparo incrível do Lenon e do Leonam, da Âmbar Audiovisual, criamos a forma que gravaríamos a sequência, definimos como gostaríamos que a cena fosse gravada, quais seriam os olhares e fizemos experiências. As cenas foram feitas sempre do começo ao fim sem nenhuma interrupção, para que pudéssemos ter mesmo a experiência de estar vendo algo “como se fosse ao vivo”.

Print – Marcas

Ficha técnica

Criação e atuação:

Andréa Rosa

Daniel Olivetto

Leandro Cardoso

Marcelo de Souza

Mariana Feitosa

Mauro Filho

Rafael Orsi de Melo

Rodolfo Lemos

Captação e edição: Âmbar Audiovisual

Realização: Vila Sete Zero Cinco Casa de Arte

Mais informações:

Mariana Feitosa (47) 98817-7974

Canal do youtube: https://www.youtube.com/channel/UC2EsKCgENOMQr7go5QEXHeg  ou link personalizado bit.ly/vilasetezerocinco

Classificação indicativa: 14 anos

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