Governo Bolsonaro desaba; ministro da Defesa deixa o cargo

    Por Esmael Morais.

    O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comunicou nesta segunda-feira (29/3) em nota oficial que deixará o cargo. Ele não explicou os motivos de abandonar o governo Jair Bolsonaro, que desaba.

    O general do Exército estava no cargo desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro. No comunicado oficial, não fica claro se Azevedo e Silva pediu demissão ou se foi demitido. “Saio na certeza da missão cumprida”, disse.

    CNN Brasil sustenta que foi o próprio presidente quem pediu o cargo. Ou seja, o general foi demitido por Bolsonaro.

    Leia o comunicado na íntegra:

    Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa.

    Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado.

    O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira.

    Saio na certeza da missão cumprida.

    Fernando Azevedo e Silva

    Governo Bolsonaro se desintegra no ar

    A nova demissão no governo Jair Bolsonaro ocorre horas depois de o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pedir demissão do cargo na manhã desta segunda-feira (29/3). Ele caiu depois de disparar contra a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Portanto, o chanceler foi vítima do “ricochete” verbal.

    O presidente Jair Bolsonaro e seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), até agora não se manifestaram sobre a situação demissionária de Ernesto.

    Magoado com demissão de seu pupilo, o astrólogo Olavo de Carvalho foi lacônico no Twitter: “Katia Abreu não presta.”

    O chanceler Ernesto Araújo poderia ter sido o primeiro ministro de Estado a sofrer impeachment na história da República do Brasil, desde 1889, se ele não tivesse pedido demissão e o presidente Jair Bolsonaro não o demitisse.

    O fenômeno “ricochete” ocorreu depois que o ministro das Relações Exteriores atacou neste domingo (28/3), pelas redes sociais, a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Prevaleceu o espírito de corpo no Senado. A maioria dos parlamentares pediu a cabeça do chefe do Itamaraty ao presidente Jair Bolsonaro, que foi ameaçado de impeachment em Ernesto.

    O ministro caiu em desgraça absoluta ao publicar no Twitter sobre um almoço que teve com a senadora Kátia Abreu no início de março. Segundo Ernesto Araújo, ele que teria ouvido da senadora que se tornaria o “rei do Senado” se fizesse um gesto em relação ao 5G, mas que não fez “gesto algum”.

    “Em 4/3 recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: “Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.” Não fiz gesto algum”, escreveu Ernesto em sua conta no Twitter neste domingo (28/3).

    “Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria”, completou.

    A vontade do Senado aprovar o impeachment do ministro era grande. Desde o ano passado, senadores procuram mudar a política fundamentalista do Brasil no exterior. Há vários pontos de tensão do chanceler com os EUA, com a eleição de Joe Biden; China, Rússia, Índia, Venezuela, Irã, Argentina, Bolívia, França, enfim, o ministro Ernesto Araújo isolou o país do resto do mundo com mais eficiência que o norte-coreano Kim Jong-un ou mesmo o Estado Islâmico.

    Terraplanista e negacionista, Ernesto Araújo é da cota pessoal do astrólogo Olavo de Carvalho. O guru dos Bolsonaro está sendo consultado sobre a troca no Ministério das Relações Exteriores.

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