
Por Tiago Bitencourt Vergara, para Desacato.info
Depois da previdência, o governo golpista aponta seu canhão neoliberalizante para a Eletrobras. A narrativa utilizada é de saneamento das contas, por incompetência própria. Para isso, vai usar todo seu esforço, cooptando órgãos de fiscalização como o TCU.
Parece absurdo, mas o Tribunal de Contas da União (TCU) irá realizar o evento “Diálogos Públicos – Privatização da Eletrobras: Repercussões setoriais para a modicidade tarifária e modelagem societária”, previsto para o dia 27 de março, com início às 8h30 da manhã e término às 18h.
Ver convite aqui:
Basta verificar a lista de painelistas e debatedores para entender que o tal diálogo se dará entre privatistas, que ao contrariar os propósitos dos cargos que ocupam, de forma ilegítima, cometem uma das maiores bizarrices ao utilizar o próprio estado para desmontá-lo.
Só estão fazendo desta forma, por que não tem voto. Para chegar a estas posições, deram um golpe de estado em 2016, onde toda agenda posterior foi amplamente denunciada por nós.
A promoção de uma discussão pública é algo positivo, mas com equidade de opiniões, proporcionando contraponto e debate aberto acerca desta questão tão importante para o povo brasileiro.
Mas como percebemos, este evento é absurdamente parcial, assim como em um estado de exceção. A programação somente contempla privatistas na mesa em um caso de uso da máquina pública para atender aos intentos privados. O órgão que deveria ser isento, passa a ser ferramenta privatista do governo neoliberalizante Temer.
Certamente a sociedade teria muito a contribuir em um debate como este. A participação das diversas entidades representativas, em respeito a democracia, poderia contribuir muito com a construção de uma solução justa atendendo aos anseios de todos e todas.
O cerceamento democrático pelo qual passa o Brasil, sendo realizados eventos por órgãos de fiscalização, tendo a participação restrita e parcial é inaceitável.
O evento citado tem um viés privatista. Sem a representatividade dos trabalhaores e sociedade civil organizada, não terá legitimidade para tratar da questão. Com a aproximação das eleições, os deputados e deputadas deveriam observar este tipo de ação por parte do governo para que não tenham surpresas eleitorais desagradáveis a seus mandatos e partidos.
Lembra que o projeto de 2014, eleito por mais de 54 milhões de votos (hoje deve ser mais) não tinha como agenda a privatização da Eletrobras, Petrobras, entrega do pré-sal, água, terras e nosso trabalho aos interesses internacionais. Ou seja, ao trair Dilma, o vice Michel Temer, assumiu uma agenda que não possui adesão social.
Imagem: Carta Capital