Da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino:
A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (AMESNE) está organizando a ida de uma comitiva de prefeitos da região a Israel, entre os dias 6 e 12 de novembro, em uma viagem que custará R$ 150 mil aos cofres públicos e prevê uma serie de visitas a empresas com operações localizadas nos assentamentos ilegais israelenses ou que fornecem serviços fundamentais para a permanência dos mesmos. Diante deste cenário, a Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino pede que a AMESNE cancele imediatamente essa viagem e não importe a ocupação israelense ao Rio Grande do Sul.
A Frente é um coletivo amplo formado por movimentos sociais e partidos políticos que trabalham em conjunto para promover a solidariedade à causa palestina e evitar que autoridades públicas, acadêmicas e artísticas do Rio Grande do Sul estabeleçam laços econômicos, militares ou culturais com instituições israelenses que financiam, colaboram ou atuam diretamente na ocupação da Palestina.
Entre as empresas que estão no roteiro de visitas da comitiva da AMESNE está a vinícola Barkan Wineyards, fundada nos assentamentos ilegais da Cisjordânia, que mantêm vinícolas nos assentamentos ilegais das Alturas do Golã Siro; a Netafim e a NaanDanJain, que fornecem tecnologias e serviços de irrigação para os conselhos dos assentamentos ilegais; e a Afimilk, que tem uma fábrica de ordenha em ‘Susya’, um assentamento israelense na Cisjordânia, e tem suprido o assentamento com um sistema automatizado de gerenciamento de rebanho. Susya ganhou recentemente atenção mundial quando organismos internacionais e movimentos palestinos se uniram para denunciar a iminente destruição da vila palestina Susiya para criar espaço de expansão do assentamento ilegal nas terras palestinas.
O roteiro estabelecido pela comitiva levará a AMESNE também a Jerusalem Oriental, território ocupado por Israel, mas reconhecido internacionalmente – e pelo Brasil também – como parte do Estado Palestino.
O advogado Nader Bujah, membro da comunidade palestina e da Frente Gaúcha de Soldiariedade ao Povo Palestino, ressalta: “Essa viagem faz parte de uma operação mais ampla promovida pelo lobby pró-israelense no Brasil e a nível internacional, com o objetivo de limpar a imagem de Israel, promovendo a sua tecnologia fora do contexto do genocídio contra o nosso povo, implementado através de políticas de ocupação, apartheid e repetidos massacres. A tecnologia israelense é desenvolvida no processo de colonização de nossas terras e não pode ser vista fora desse contexto”.
Maren Mantovani, coordenadora das relações internacionais da campanha palestina contra a construção do muro na Cisjordânia e membro da Secretaria do Comité Nacional Palestino pelo Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel, explica: “Lamentamos que a AMESNE não tenha avaliado o significado político nefasto de sua viagem. Foi aqui no Rio Grande do Sul que há um ano os movimentos conseguiram derrubar o Memorandum de Entendimento entre a empresa militar israelense Elbit Systems e o Governo de Estado, demonstrando que autoridades locais comprometidas com os direitos humanos não podem manter relações com empresas israelenses envolvidas com os crimes de Israel”.
A Carta Pública elaborada pela Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino alerta também para a declaração elaborada durante a Conferência Internacional dos Governos Locais da Sociedade Civil em Apoio aos Direitos dos Palestinos, que orienta que as prefeituras não contratem ou façam parcerias com governos e empresas que apoiem ou lucrem com atividades relacionadas com a ocupação ou a violação das leis internacionais.
Cada vez mais empresas se retiram dessas relações devido ao risco econômico, legal e de imagem que geram as interações com instituições israelenses. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento relatou que o investimento direto estrangeiro em Israel caiu 50% em 2014, o autor do relatório afirma que o boicote é a uma das principais razões.
Fonte: JornalismoB.