Frente de Luta pelo Transporte não sairá das ruas: “É sempre a mesma desculpa desde 2004”

Em reunião, prefeito diz não ter recursos para baratear o preço das passagens. Frente comemora abertura do diálogo, mas não abre mão da redução da tarifa

Foto: Daniel Queiroz/ND

25-06-2013-15-03-20-fim-reuniao-prefeito-e-passe-livre-2-Após encontro com o prefeito de Florianópolis, César Souza Jr. (PSD) nesta terça-feira (25/06), membros da Frente de Luta pelo Transporte decidiram que não sairão das ruas até a redução da tarifa. O movimento vai discutir e deliberar os próximos passos.

A conversa no gabinete da prefeitura serviu para discutir as reivindicações imediatas do movimento: redução da tarifa e criação de um grupo de trabalho de caráter deliberativo para discutir a implementação do projeto de Tarifa Zero na cidade. Souza defendeu que a prefeitura não tem como justificar uma redução imediata do preço das passagens, pois não tem recursos disponíveis para aumentar o subsídio às empresas e tem que respeitar a planilha de cálculos tarifários.

Os representantes da Frente questionaram a validade da planilha, já que, de acordo com os cálculos atuais, as empresas do transporte coletivo acumulariam um prejuízo de mais de dois milhões de reais. O prefeito declarou que “não acredita nem descredita” na veracidade da planilha. De acordo com ele, a responsabilidade seria do Tribunal de Contas da União, que está auditando os custos apresentados desde maio deste ano.

De acordo com Victor Khaled, representante da Frente, “é lamentável a população de Florianópolis ser vítima de uma planilha irreal. É sempre a mesma desculpa desde 2004”. Para os movimentos sociais e políticos que compõem a Frente, a evolução do patrimônio dos empresários do transporte coletivo da capital pode ser a prova de que o sistema de concessão é lucrativo, ao contrário do que sugere a planilha. “Como as empresas não quebraram se operam no prejuízo por tanto tempo? A questão da redução não é técnica, mas política”, argumenta Khaled.

O prefeito considerou o movimento legítimo e que a “tarifa zero seria uma maravilha para a cidade”. No entanto, diz achar injusta a cobrança por uma redução imediata, pois as cidades que reduziram a passagem já haviam elevado a tarifa em 2013. Ele acredita que a redução poderia acontecer apenas depois da nova licitação do transporte coletivo.

Alternativa é municipalização

Para os representantes da Frente, a licitação não resolverá o problema do transporte coletivo de Florianópolis, pois será no mesmo modelo de concessão à iniciativa privada. Uma alternativa, que a Frente defende no projeto de Tarifa Zero, é a municipalização. Souza, no entanto, afirmou ser inviável para os cofres da prefeitura adquirir a atual frota em concessão, conforme decisão de auditoria realizada em 2009, quando terminou a última licitação do transporte. Essa auditoria também considera que as empresas operaram com tarifas abaixo do custo, desde 2006 e, portanto, acumulariam prejuízos, e não lucros.

O projeto Tarifa Zero não defende a retirada de recursos de outras áreas sociais, mas sim uma reforma progressiva dos impostos. A sugestão é aumentar o IPTU de setores mais abonados, como bancos e grandes empresas, para criar o Fundo do Transporte, que bancaria a tarifa zero.

Assessoria de comunicação – Frente de Luta pelo Transporte Público

1 COMENTÁRIO

  1. sempre as mesmas desculpas para perpetuar o cartel do transporte. apoio totalmente a criação de um grupo de trabalho para estudar concretamente uma maneira de implementar o projeto tarifa zero em floripa. que tal reverter os benefícios gerados pela zona azul para este fundo do transporte? tenho certeza que há vários meios (além de todos os impostos que já pagamos!) de sustentar um sistema de transporte PUBLICO com uso adequado e inteligente do dinheiro PUBLICO.

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