Famílias de São Miguel do Oeste/SC conseguem liminar e permanecem em área cogitada para Sesc

 

Por Claudia Weinman, para Desacato. Info.

Famílias devem permanecer na área localizada próxima ao Senac, em São Miguel do Oeste/SC, até nova mudança no processo. Juiz já havia determinado o despejo das famílias e a ação seria efetivada na segunda-feira, dia 21. Moradores mostram-se resistentes e enfatizam que não vão abandonar a área.

 As famílias que residem próximo ao Senac, em São Miguel do Oeste/SC, na área preterida para instalação de um complexo do Sesc, conseguiram nesta semana, uma liminar na justiça e devem permanecer na localidade até nova mudança no processo, segundo informações repassadas por um dos advogados que atua na defesa de uma das moradoras, Ricardo Seibel. O Juiz de Direito da 1º Vara Cível, da comarca de São Miguel do Oeste, Crystian Krautchychyn, já havia determinado o despejo das famílias e a ação seria efetivada na segunda-feira, dia 21.

Os moradores mostram-se indignados e assustados com a situação. O morador Adelar dos Santos, disse que os moradores nunca fizeram acordo para sair da área porque sempre foi oferecido para eles as “sobras”. “A gente sabe que tem muito interesse nessa área. Muita gente querendo ganhar dinheiro com isso mas a gente não vai sair. Criei meus filhos nesse chão, trabalho aqui com meu ferro velho, nós não queremos sair desta área”, enfatizou.

Santos critica ainda os acordos feitos com outras famílias que moravam pouco tempo na área. “Tem gente que saiu daqui e ganhou terreno, dinheiro, e morava o quê, sete meses em cima da terra, e pra gente qual é a proposta? Uma área sem casa, sem estrutura nenhuma, sendo que estamos aqui há mais de 20 anos”, argumentou.

“Eles olham para cá e enxergam dinheiro”

A moradora Rosane Alves Antunes, 33 anos, desempregada, disse  que foi informada pelo advogado, Ricardo Seibel, sobre a permanência na área até que nova decisão seja divulgada. Rosane, que possui cinco filhos de sete a 17 anos, e está sem emprego no momento, criticou o poder público municipal por defender, segundo ela, a retirada das famílias sem nunca antes terem prestado auxílio para sua família. “Tentei falar com o Valar (prefeito) e ele nem se quer foi me receber”.

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“Eu olho para isso e vejo um lar, o meu chão”.

A moradora acredita que existe um jogo de poder envolvido nesta situação. “Eles olham para cá e enxergam dinheiro, eu olho para isso e vejo um lar, o meu chão”, desabafa. “A prefeitura quer ajudar a gente? Ajudar oque? Ajudar a despejar a gente?”, conclui.

Na prefeitura

Segundo informações repassadas pela assessoria de imprensa da Prefeitura, o prefeito João Carlos Valar (PMDB), como gestor do município, mantém a proposta de compra do terreno ao lado do Senac onde estão residindo as famílias para efetivação de um complexo do Sesc. Em matéria divulgada pela Assessoria de Imprensa do governo municipal, nesta semana, o prefeito declarou esse desejo após participar de um evento da Fecomércio no município, envolvendo toda a classe empresarial. “O município é incentivador e apoia projetos que vem ao encontro do desenvolvimento local, solidificam a economia e oferecem novas oportunidades para o trabalhador”, disse ele na ocasião.

Segundo o que foi repassado à reportagem, 50% da área (próxima ao Senac) já está liberada, a outra, o município espera ordem judicial para poder ‘transferir’ as famílias. “No momento em que área estiver totalmente liberada o executivo sentará com os proprietários da área para definições. O município segue com vontade e intenção de ajudar na implantação do complexo em São Miguel do Oeste, assim como fez quando da implantação do Senac, há uns bons anos”, informou a Assessoria de imprensa.

A Assessoria de imprensa repassou ainda que a área para realocação das famílias está localizada entre as comunidades periféricas de São Miguel do Oeste, a Vila Nova I e Vila Nova II. “Áreas com lotes regularizados, lotes já demarcados e infraestrutura mínima necessária está sendo providenciada, segundo a advogado da prefeitura Julio Bagetti”, informou a Assessoria de Imprensa.

As famílias contestam e salientam que a área está vazia, sem casa e nenhuma infraestrutura. Sobre isso, a Assessoria respondeu que a Prefeitura deve ajudar os moradores no transporte das casas que, segundo repassado, devem ser desmanchadas e retiradas do atual terreno.

Complexo do Sesc

Na segunda-feira, dia 20, um evento envolvendo a Fecomércio, e diversas autoridades e empresários do município de São Miguel do Oeste, foi realizado. Um dos assuntos discutidos foi em relação a construção de um complexo Social e Esportivo no município, o Complexo do Sesc. No ano passado a área próxima ao Senac, de propriedade da Colonizadora e Madeiras Oeste LDTA, já havia sido cogitada para instalação da obra, no entanto, mediante tramites na justiça, não teve andamento. O prefeito João Carlos Valar, segundo divulgado por sua Assessoria de Imprensa, disse que a atual administração trabalha para que a área seja “sede do futuro complexo do Sesc”.

Em entrevista com a Gerente da Unidade do Sesc de São Miguel do Oeste, Cheila Gesing, ela salientou que assim que a prefeitura sinalizar a liberação do terreno, serão iniciados os tramites para instalação do complexo. Já as famílias, seguem enfatizando que existem interesses envolvidos na compra dessa área, que elas não possuem condições de retirar suas casas de cima do terreno, considerando que são casas de madeira, são antigas e não há, conforme as famílias, a possibilidade de remontá-las em outra localidade.

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